quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
Com os anjos
pergunta a voz amiga
Digo que estão em um
lugar lilás senão azul
Digo que me deixaram
zonza e desprecavida
Digo que sinto falta mas
que eles não me pertenciam
O poema nasce e pronto,
já é do mundo, o danado
Não precisa crescer fora,
já nasce crescido e veloz
Mas onde estão os poemas?
Digo que estão com os anjos
E que assim seja
O amor
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Jorge Luís Borges
domingo, 16 de dezembro de 2007
sábado, 15 de dezembro de 2007
e.e.cummings
nalgum lugar em que eu nunca estive,alegremente além
de qualquer experiência,teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos,nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando sutilmente,misteriosamente)a sua primeira rosa
ou se quiseres me ver fechado,eu e
minha vida nos fecharemos belamente,de repente,
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;
nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade:cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira
(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre;só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva,tem mãos tão pequenas
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Feliz
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
A pá e a terra
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Sobre perdas e danos
desalinho
desânimo e Ritalina
Hora da sorte permeada
pela hora da zona morta
Não há castigo maior
do que perder a memória
ainda mais sendo ela
a nossa extensão de tudo
Sobre perdas e danos
caminhos
que inúteis se revelam
caminhos
que também transcendem
se a gente tiver força e coragem
de prosseguir
caminhos
de bits and bytes, enfim
domingo, 9 de dezembro de 2007
Vazio virtual
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Bem Caio F.
Cheiro de almíscar
Uma coisa anos 70
Ficou atenta ao
Próximo passo, o desenrolar
Uma margarida no asfalto
Tulipas tamancos e moinhos
Algo assim bem Caio F.
Mas não veio nada demais
Só uma saudade roendo
Uma vontade de entrega
Um comercial na televisão
Cheiro de patchuli
Lembranças de viagens
Cabelo longo despenteado
Um cachecol vermelho e
Uma vontade de Rimbaud
Algo assim bem Caio F.
Mas depois dos cheiros
Nada mais aconteceu
Só um céu lilás por trás
Dos edifícios e muros.
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
A leitora de Calvino
Lia, displicente, Ítalo Calvino
enquanto o dia se modificava
Do sol abrasador veio a chuva
E com ela uma certa melancolia
Lia, com calma, Ítalo Calvino
Se um viajante numa noite de
inverno era insano e perspicaz
Na sua busca por arrebatamento
ficava sempre devendo um tom
A melodia nunca se completava
Mesmo assim, lia solenemente
Ítalo Calvino e pensava que a
vida é mesmo um mistério a
ser desvendado pouco a pouco
A chuva intensificou seu interesse
pela leitura e a fez desdobrar-se
em uma mulher-livro, impiedosa
sábado, 24 de novembro de 2007
Sábado...
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Um segundo apenas
Katzenbach à espera, assim
como os momentos líricos
Tudo se aglutina feito cola
Não há tempo de contemplar
A vida corre intensamente
Enquanto, eu, lago sereno,
tento acompanhar as ondas
que vêm de um mar agitado
Nem sei de onde ou porquê
Katzenbach à espera para me
contar a história de um louco
Enquanto isso, ouço Drexler
E penso em um segundo de
uma dúbia e estranha paz
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Cárcere
Chico Buarque
se ouvia ao longe
Enquanto a lua
vaga
entornava luz
E eles se beijavam
com fome feroz
Diante deles
os guardas sorriam
com desfaçatez:
- Deixa que beijem,
diziam -
pois a execução
já está planejada
sábado, 17 de novembro de 2007
Teu olhar
Te olho, te digo, bendigo esse olhar
Que vem com tamanha loucura que
Arrepia-me a pele só de pensar
Naquilo que não podemos
Naquilo que já fizemos
Naquilo que está no ar
Te olho, te digo, bendigo esse olhar
Por tudo que fomos e ainda seremos
Te olho, serena, sempre a auscultar
Que sonhos te cercam por trás desse olhar
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Cora Coralina
NÃO SEI...
Não sei... se a vida é curta...
Não sei...
Não sei...
se a vida é curta
ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Fernando Pessoa
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus."
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Terror
É uma gastura no estômago
Uma vontade de água e ar
Expandindo os pulmões rarefeitos
É uma impostura de táticas
Todas elas perfeitas para se salvar
Mas não encontramos saídas
É uma vontade torpe de ganir
Feito bicho acuado, rosnar rosnar
É uma aventura perigosa que
O medo só pode expandir e quando
Tudo não passar de silêncio, então
Será a hora de fugir e implorar
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Prece
Era a hora certa, a de quedar-se
Redimir-se e implorar piedade
Nessa vida tão desgastada
Não havia luzes suficientes para
Iluminar seus ardores febris
Pois se é feita de luz toda a febre
Que suplica ao corpo que se deixe
Levar para sempre todo o sempre
Era a hora do espasmo e da oração
Que ele ficou soçobrando na casa
Sem forças para dizer um verso
Uma horda de palavras se fechou
E ele de tão sincero ficou mudo
Ficou do avesso e ninguém viu
sábado, 10 de novembro de 2007
Os gatos
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
A noite clama
Estou perdida
Você é meu caos
Desencontrada
Reviro-me nos lençóis
Penso em begônias
Em plantas e segredos
Rolo na cama vazia
Durmo acordada
Porque ouço rumores
Talvez teus passos
Na escada que não tenho
Talvez sejam as vozes
Como a dos esquizofrênicos
Estou perdida e a noite clama
Pelo sono, pelos sonhos
Que não vêm, que não vêm
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
terça-feira, 30 de outubro de 2007
As Horas
Hora cheia, hora quebrada, hora vazia
Hora aberta encoberta descabelada
Hora silenciosa de brumas e sovéus
Hora do ócio para fazer o que não
Se pretende realmente fazer fazendo
Hora cheia, hora quebrada, hora vazia
Hora vã epifânica insensata marcada
Hora de alegria plena de inquietudes
Hora dispersa reversa inversa povoada
Hora do improviso do impositivo do adeus
Hora gitana perversa acabrunhada infeliz
Hora da brincadeira e da verdade inteira
Hora do sacrifício da luta da rebeldia
Hora cheia, hora quebrada, hora vazia
Hora prenhe estéril anônima alquebrada
Sonâmbula hora macabra nosferática
Hora emblemática solene intempestiva
Hora que grunhe no chamado das horas
Que ficam batendo no relógio da igreja
domingo, 28 de outubro de 2007
Lugar Algum
Vi você com aquele jeito manso e distraído, como se o mundo apenas estivesse aí, para coisa alguma. Como quando você era criança e a gente brincava de olhar as nuvens ou deitava no tapete da sala e ouvia Bach, lembra? Você desde cedo gostava dos clássicos o que o fazia ser mimado pelo nosso pai. Eu não me importava, gostava mesmo era de resolver quebra-cabeças.
Sabe, eu não consegui dizer, mas ontem sonhei com você. Havia o pequeno dragão sobre a mesa, que você dizia que era para proteger. A cortina deixava entrar uma luz suave que se expandia sobre a escultura e sua mão quase tocava nela com delicadeza. No sonho e na realidade houve este gesto inconcluso, pois você parou a mão no ar e ficou olhando seus próprios dedos longos, nosferáticos, se é que essa palavra existe. Foi esse gesto que me fez estremecer naquele dia.
A vida segue indiferente. Ninguém mais telefona para saber se você superou ou não. O tempo cura e também afasta. Nós estamos nos afastando, era isso que eu precisava dizer.
Hoje, diante de você, dos seus olhos turvos, faltou-me coragem. Como no dia em que você ficou no parapeito, olhando os carros lá embaixo e eu simplesmente duvidei. Da vida, do amor, da fé. Naquele dia você desceu, quieto e sério, numa performance esmagadora. Eu só consegui respirar porque os pulmões se negaram a parar. O susto-medo-horror está até hoje em mim.
Nunca mais fiquei vendo o tempo passar na sacada, somente hoje voltei para cá para rever o perigo enquanto a chuva lava o asfalto. O estranho é que eu percebia suas atitudes, mas achava que isso não queria dizer nada. Esquecia que cada sinal tem sua força específica. E eles se sucederam, cumprindo um destino.
Diante dos seus olhos que olham para lugar algum, minha coragem é vencida pela sensação de impotência. Tenho me perguntado: por que ou para que você retornaria? Vi uns rabiscos sem sentido aparente a seu lado, perto da lixeira. Reconheci algo em você que não sei bem definir. Eu gostaria de lhe falar de mim e do mundo. Para tentar fazer com que você me veja. E, talvez volte para casa.
Eu parei de chorar porque até isso cansa. Estou realmente exausta. Daí que vê-lo assim é como me calar também quando eu deveria gritar. Foi uma escolha sua. Ir se afastando, abrindo um caminho desconhecido para o qual só você tem acesso. Por que obrigá-lo a voltar? Ninguém compreende isso. Eu sim, talvez porque também nunca quis o que se chama mundo real, talvez por isso eu o compreenda. O seu silêncio é como uma marcação de teatro. A gente sabe a fala de cada um e também qual o passo seguinte. Aqui eu devo parar. Essa é a sua marca. O silêncio é agora a sua fala maior. De dentro de minha dor eu me calo para que você se fortaleça. E, se você realmente me olhar, talvez eu veja nos seus olhos e eles deixem de ser turvos para mim. E, quem sabe eu compreenda finalmente.
sábado, 27 de outubro de 2007
Sereia
Provar o sabor da isca
E sentir-se fisgada por inteiro
Deixar-se levar mar adentro
Com as ondas batendo na pele
Provar-se sereia capturada
E aceitar seu destino grego
Sem Olimpo mas com Ulisses
Sem olheiras nos olhos tristessexta-feira, 26 de outubro de 2007
O nada
De nada ao nada topamos
Descemos ladeiras de pó
Vemos estilhaços no chão
O nada comanda o vazio
Dele nos fartamos em vida
Dele aprendemos o mote
Que tudo é disperso e ilhós
Com as linhas de costura
De nada ao nada topamos
E seguimos de algum modo
Tentando decifrar enigmas
Querendo entender o riscado
Quando somos tão pequenos
E vagos e vãos que nada na
Verdade importa mais que o
Próprio nada que nos cerca
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Ser poetisa
Ser humilde e sábia como Cora Coralina
ter todo o encanto de Florbela Espanca
saber do limiar como Ana Cristina Cesar
declamar a existência como Lya Luft e
saber de tantas outras poetisas a povoar
diletamente o meu pequeno universo de
cores, aromas, serenos da madrugada...
ser simples e generosa para poder lidar
com a palavra mais complexa e febril
dar-se conta de que o mundo é tão mas
tão áspero que sua superfície nos dói
ao mínimo toque descuidado e infantil
ser serena e breve como a andorinha
e plena águia quando a noite acontecer
saber das delícias e tormentos de ser
poetisa em tempo de megabytes, enfim
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Esperança nele
Esperança quando ele vem
através de uma palavra ou
um aceno perdido na rua
Esperança quando ele vem
de um modo luminoso mas
calmo e santo que dá tontura
Esperança quando ele vem
e o amor não se mede mais
em palavras ou despedidas
Só se ajeita na cama e dorme
Só se arruma perfumado e vai
Esperança quando ele bate
e a porta se abre de uma vez
E ele diz qualquer coisa que
até já esqueci porque o que
importa é que ele venha e volte.domingo, 21 de outubro de 2007
Espera
Há momentos como esse
De pura introspecção sem
Nenhum arrebatamento só
Luz inflitrada na alma que
Se abstém de dilatar-se
Fica sozinhando coisas e
Absorta no corta pulsos
Não avista saídas plurais
Há momentos como esse
Em que o coração se turva
Como se água barrenta
Tomasse conta dos átrios.
Nenhuma alegria aparece
Aos olhos agora cansados
De tanto clamar e esperar
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Poetar
Poetar é tarefa que urge
Como o tempo a emergir
A cada momento secreto
Em que nos arriscamos
Poetar é entrega e dor
Também alegria e prazer
Na escolha da palavra
Mais exata, absoluta
Poetar é desenferrujar-se
Brincar com os períodos
Alicerçar rimas em vão
Caprichar nos antônimos
Poetar é sobretudo dar-se
Ao desconhecido um pouco
De nossa alma descalibrada
Tentando compensá-la assim
Poetar é investigar o vazio
Instigar o que reluz dentro
Como ouro fosse em nós a
Deslindar navios afogados
Poetar é entreter-se em ser
Por alguns versos a mais
Por alguns ritmos inefáveis
Por alguma voz do coração
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Amor de Outubro
Um leve afago, um vago aperto:
Onde andará meu amor de outubro?
Onde estará a fruta madura e
o repensar da inocência perdida?
Um leve afofo, um vasto caos
Depois de tudo ele some no cais
E, de longe, só vejo seu vulto fugaz
E, de longe, só entendo a despedida
como algo inconseqüente e cruel.
De dentro dos sonhos ele vem ainda
Depois de um leve afago, um véu
de laços indiscriminados nos atrai
e distrai do esquecimento fatal.
Um breve afago, um largo aperto:
Onde andará meu amor de outubro?
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Luz
Fartar-se de luz apenas
Ouvindo James Blunt:
“Dê-me razão mas
não me dê escolha”
Armar a escotilha
Saltar no mar gelado
Declamando Blake
Chorando Bergman
Fartar-se de luz apenas
Lendo Fitzgerald
Revendo Bertolucci
Amando pelo avesso
Revirar-se pela lua
Num movimento solo
Olhando a Terra como
Quem fosse astronauta
Fartar-se de luz apenas
Por ver o dia raiando ou
A noite chegando ao léu
Ao som de Bono Voxdomingo, 14 de outubro de 2007
Ver(-)te
Ver-te, verte mais
Quentura solar
Ver-te, verve assim
Tontura demais
Lúcido pânico
Armado e fugaz
Por ver-te depois
Sob a luz do luar
Erradio é o caminho
Ao ver-te tão só
É luz e espinho
Na cama que é dó
Ou qualquer outra nota
Que a mente criar
Ver-te é alegria
Em um dia sem par
sábado, 13 de outubro de 2007
James Blunt
And so I sent some men to fight,
And one came back at dead of night,
said: "Have you seen my enemy?"
said: "he looked just like me"
So I set out to cut myself
And here I go
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Uma mulher apenas
Se não houvesse o desejo a lhe perturbar a face
Se não houvesse a brusca dor do querer
O impossível, o irremediável, até o insuportável
Talvez assim pudesse respirar copiosamente
Como quem chora o amor perdido por um triz
Se não houvesse a loucura talvez pudesse ousar
Ser doida varrida, louca de pedra, enfim,
Mas a loucura ditava suas regras de insanidade
De um jeito que a sociedade aceitava
Ela não. Se não houvesse a conivência ela seria
Mais que uma mulher louca uma mulher apenas
Se não houvesse o baralho para se jogar
Se as cartas estivessem marcadas e tudo fosse
Insípido como sabão de glicerina, talvez...
Se não houvesse o “ele” ai sim, quem sabe
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Batom
Olhou-se no espelhinho
Retirou o excesso com o
Fabuloso lenço de papel
Queria que ele a visse
Corada e louca e linda
Com o batom vermelho
A enfeitiçar seu olhar
Pintou a boca como poeta
Que diz coisas lindas em
Plena luz dos luares e se
Despe em reticências...
Queria que ele a visse
Vermelha mancha rouca
Com o batom abrindo a boca
Para abocanhar o mundo
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Desejo
O desejo rasga a carne branca
Pele sem estragos apenas pintinhas
Dessas que as pessoas temem agora
Fora as “belezinhas” nenhuma cicatriz
Apenas pele desejando pele
Para se roçar nela e se perder dela
Para rebentar o coração em suas
Passadas largas e afogueantes
Para reter um pouco o sal do outro
Trocar elementares sons abençoados
Que o atrito das peles permite
Que o atrito das peles impele
O desejo rasga a carne pálida
Quase translúcida de tanto desejar
sábado, 6 de outubro de 2007
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Florbela Espanca - Anseios
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha que cais!
Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quirneras irreais,
Não valem o prazer duma saudade!
Tu chamas ao meu seio, negra prisão!
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbres o brilho do luar!...
Não 'stendas tuas asas para o longe..
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar...
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Vitor Ramil & Lenine
Pode ser viciado em bingo e nunca ver a luz do sol
Você pode ser o mago vender livros de montão
Você pode ser uma socialite enriquecer vendendo pão
Mas um dia você vai servir alguém
Seja ao diabo ou seja a Deus
Um dia você vai servir alguém
(...)
Você pode desejar a cura com Lacan
Você pode procurar os serviços de um Xamã
Você pode ser pregador e chutar os santos do altar
Você pode ter um bom discurso
Você pode nem saber falar
Mas um dia você vai servir alguém...
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
domingo, 30 de setembro de 2007
Anjo Guardião
Ele estava espiando
atrás da porta entreaberta
Vi que é alto e belo
mas calado e firme
Vi meu anjo guardião
e quis pedir-lhe colo,
luz, entendimento
Mas calado e firme
ele apenas espiou-me
parecendo cuidar de mim
Assim acreditei para
não chorar de tristeza
no meio da noite gelada
sábado, 29 de setembro de 2007
Fernando Pessoa
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta cousa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Umberto Eco
( in Pós-Escrito a O Nome da Rosa)
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Como se uma rosa se abrisse
Corri ao telefone, houve luz.
Houve aquela alegria
do inesperado mas sempre desejado.
O dia ganhou cor, então.
Como se uma rosa se abrisse
no jardim que não tenho
mas que vive na minha imaginação.
Que é o melhor de tudo, a imaginação.
Meu dia, de repente, se tornou
um dia especial ainda que chova e faça frio.
Graças a sua voz na manhã tardia.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
August Strindberg
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Borges - Posse do Passado
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Italo Calvino
Poderei algum dia dizer "hoje escreve" assim como se diz "hoje chove", "hoje venta"? Apenas quando me for natural utilizar o verbo "escrever" no impessoal poderei esperar que através de mim se exprima algo menos limitado que a individualidade de uma única pessoa".
terça-feira, 18 de setembro de 2007
domingo, 16 de setembro de 2007
Chico Buarque - Pedaço de Mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi
Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Caio Fernando Abreu
terça-feira, 11 de setembro de 2007
O céu que não protege
de azul desfeito em plumas
nuvens de aluguel que logo passam
e silentes buscam aconchego
Prego o olhar na tua pupila
Preciso da dor para saber amar?
Te vejo enredado em dúvidas
a buscar um céu que te proteja
Saiu agora o veredito: mulher apaixonada
Saíram folhas, galhos, até a raiz
tudo se desprendeu neste dia tonto
Feito da tua ausência, sem teu calor
Misterioso céu que não protege
enche de algodão meu pobre peito
com tuas soltas nuvens de aluguel
que eu, silente, quero o aconchego
Um Corpo que Cai
As sessões são comentadas e iniciam às 19h30.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Ana Cristina Cesar
Flores Do Mais
uma primeira letra
escreva
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano de boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
Clarice Lispector
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
La cogida y la muerte, de García Lorca
Às cinco da tarde
Eram cinco em todos os relógios
Eram cinco nas sombras do entardecer
E o touro com seu coração alto
Às cinco da tarde
Quando o suor de neve foi chegando
Às cinco da tarde
Quando a praça se cobriu de lodo
Às cinco da tarde
A morte pôs ovos na ferida
Às cinco da tarde
Às cinco em ponto
Um féretro com rodas é sua cama
Às cinco da tarde
Ossos e flautas ressoam em seu ouvido
Às cinco da tarde
O touro já bufava em sua frente
Às cinco da tarde
O quarto se crispava de agonia
Às cinco da tarde
De longe vinha a gangrena
Às cinco da tarde
As feridas queimavam como sóis
Às cinco da tarde
As pessoas rompiam as janelas
Às cinco da tarde
Ah, que terríveis cinco da tarde!
Eram cinco em todos os relógios
Eram cinco nas sombras da tarde!
Todo o resto era morte e só morte.
terça-feira, 4 de setembro de 2007
Carlos Drummond de Andrade
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender....
sábado, 1 de setembro de 2007
Felicidade clandestina
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
Sobre Ingmar Bergman
Cinéfilos, em outubro teremos a Semana Temática Ingmar Bergman lá no Ordovás. Fiquem ligados!
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Cinema: um olhar diferenciado
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Sarau Astral com Nivaldo Pereira
domingo, 26 de agosto de 2007
Taxi Driver vê sociopatia da urbe
Programa imperdível para segunda ; às 19h30, no Ordovás. Sessão comentada.
Semana Scorsese no Ordovás
sábado, 25 de agosto de 2007
Água de Melissa
Não sei. Eu não queria sair daqui, não depois de 12 anos, mas agora nós vamos para outra cidade e isso é apavorante. Eu já devia estar lá, com a mudança, mas eu evitei. Deixa que os outros arrumem tudo como quiserem, eu preciso ficar mais um pouco, olhar a casa, pintá-la como um último gesto de carinho. O pincel sobe e desce, a tinta às vezes escorre porque não sou profissional e me descuido um pouco enquanto penso. Ontem eu senti algo estranho no meio dessa solidão de casa vazia. Uma coisa que me estremeceu e eu tive um medo absurdo de ficar presa aqui. Imagine, as janelas todas abertas e eu...
Eu sei, eu sei. Estou sentindo outra vez. Ontem não foi o primeiro indício de que está voltando. No dia da mudança aconteceu de eu não conseguir sair do banheiro. Fiquei lá uma hora, encostada à porta, sem conseguir me mexer até que alguém bateu e pediu para entrar. Meus dedos mal conseguiam tocar na fechadura. Foi terrível. Andra me deu água de Melissa quando me viu agachada a um canto, abraçada a mim mesma. Ela não faz idéia do que se passa. E eu vou confessar, tive outro incidente. Devo chamar de quê? Surto?
Foi há alguns meses. Eu saí com a Cida, ela queria comprar um vestido. Depois fomos comer alguma coisa. Então ela me disse para ir para uma mesa e esperar lá porque havia muita gente, uma fila daquelas. Eu fiquei no único lugar disponível e me distraí olhando as pessoas, as faxineiras, a luz que entra pelo teto de vidro, balões pendurados, essas coisas e o tempo passou um pouco, não sei, dez ou quinze minutos, nem isso. Daí eu olhei para aquela gente toda e simplesmente não vi a Cida. Entende? Eu a procurei entre as pessoas, levantei e busquei com o meu olhar mais atento e nada. Daí subiu aquele calor que vem nessas horas e o terror que se segue a ele.
Eu tentei racionalizar que ela estava lá em algum lugar e logo ia aparecer, mas coisas horríveis me vinham à cabeça, tais como: ela foi embora e me deixou aqui ou ela está perdida ou foi raptada (!) ou... Tudo absolutamente ridículo, eu sei. Entrei em um estado de pavor em que não consigo sair do lugar, não movo um dedo, fico inerte dentro do horror. Eu quase não conseguia mais respirar quando ela apareceu com a bandeja, sorrindo. “Que fila, Mirna!”, disse sem suspeitar. Comi o lanche maquinalmente, tentando voltar ao estado “normal” sem que ela percebesse que eu saíra dele.
Eu não quero passar por tudo novamente. Medicações pesadas, sessões de análise, regressão, compreende? Por isso estou escondendo deles enquanto posso. Os sonhos também voltaram. Como flashes do imponderável eles me levam a um lugar recôndido de mim onde há uma espécie de dor sepultada. Nesse semestre houve essa instabilidade interna tão ameaçadora que eu cheguei a imaginar que desta vez não teria saída. Mas, você sabe, a gente pode se enganar quanto a isso. Eu queria que você soubesse porque se algo acontecer, se eu ficar lá nesse recôndido de mim, pelo menos alguém saberá para onde fui.
Digo isso porque tenho notado que eu me afasto cada vez mais das pessoas, Cida e Andra têm reclamado um pouco: “Mirna, você está tão alheia!”. Mas não é que eu fique devaneando, é que algo me impele ao centro. É, é como se esse lugar fosse o núcleo de mim mesma e eu preciso ir para lá porque é seguro. O medo fica fora. O pânico se dissolve quando eu fico dentro do que desconheço. Parece-se com uma mornidão como quando a gente estava dentro da mãe. Tenho pensando muito que esse lugar pode ser a minha perdição ou redenção. Você vai saber explicar isso aos outros se acontecer? Eu quero dizer, se eu me perder dentro desse centro invisível?
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Quarta-feira sépia
terça-feira, 21 de agosto de 2007
A Noiva Síria
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
SerraCult
domingo, 19 de agosto de 2007
São os rios - Jorge Luis Borges
parábola de Heráclito o Obscuro.
Somos a água, não o diamante duro,
a que se perde, não a que repousa.
Somos o rio e somos aquele grego
que se olha no rio. Seu semblante
muda na água do espelho mutante,
no cristal que muda como o fogo.
Somos o vão rio prefixado,
rumo a seu mar. Pela sombra cercado.
Tudo nos disse adeus, tudo nos deixa.
A memória não cunha sua moeda.
E no entanto há algo que se queda
e no entanto há algo que se queixa.
sábado, 18 de agosto de 2007
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
Infinito fundo azul
um lança-chamas
a chaminé que vai dar no oco
da-casa-da-lareira-do-dono-da-casa
Abrindo segmentos
riscando ruidosamente
- sem conseguir seguir -
um pensamento inteiro
uno eletronizado
vontade de fazer-se
ser um infinito fundo azul
um infinito fundo
(um quê?)
Através de nós
intermináveis rumores
insuportáveis trapaças
o eu contra o eu-tu
uma variação difícil
a inapetência, a completude
o não
atravessado
dosado
A criação do intolerável
daquilo quê.
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Faltando um Pedaço - Djavan
Um passo pr`uma armadilha
Um lobo correndo em círculo
Pra alimentar a matilha
Comparo sua chegada
Com a fuga de uma ilha
Tanto engorda quanto mata
Feito desgosto de filha"
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
Artigo sobre Caio F.
Guimarães Rosa
aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da
gente é coragem.
Muitas correntes
Sangrar a dor até purgar
Resignificar tudo
Abster-se
Enlouquecer
De uma loucura mansa
mas inobstante, cruel
É tempo de se dar um tempo
para encontrar uma brecha
um porto seguro,
uma nau que não afunde
um grito do fundo d`alma
É preciso render-se ao inevitável
porque o rio tem muitas correntes
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Maninha
| Chico Buarque/1977 Gravada no disco Tom e Miúcha - 77 | |
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Se lembra da fogueira Se lembra dos balões Se lembra dos luares dos sertões A roupa no varal Feriado nacional E as estrelas salpicadas nas canções Se lembra quando toda modinha Falava de amor Pois nunca mais cantei, ó maninha Depois que ele chegou Se lembra da jaqueira A fruta no capim O sonho que você contou pra mim Os passos no porão Lembra da assombração E das almas com perfume de jasmim Se lembra do jardim, ó maninha Coberto de flor Pois hoje só dá erva daninha No chão que ele pisou Se lembra do futuro Que a gente combinou Eu era tão criança e ainda sou Querendo acreditar Que o dia vai raiar Só porque uma cantiga anunciou Mas não me deixe assim, tão sozinho A me torturar Que um dia ele vai embora, maninha Pra nunca mais voltar |
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
Sobre ignorância e presunção
"Na minha juventude, fui obrigado a gostar de Bergman. Se não gostasse, era marginalizado. Secretamente eu o detestava. Hoje posso dizer: embora o homem seja fascinante, seus filmes são chatísssimos"
Sobre cafés e cigarros
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Talvez
mas não descobre o porquê
o descobre apenas como
sem o menor desvelamento
Talvez
como quem se antecipa
e perde o momento exato
o momento pleno de tudo
e arranca antes o sabor das coisas
Talvez
havendo um centro
uma importância
uma inadvertência
um consolo prévio
Talvez
enquanto algo se define
à beira do insuspeitado
com um sorriso mocho
tolo de ser tão o que já não pode ser
Mas talvez!
No lápis de cor das cores
no desenho rabiscado ao acaso
na latência das rimas
sonhos travestidos de luz, inacessíveis
Talvez,
mas pode ser que não,
talvez.
terça-feira, 31 de julho de 2007
Zeca Baleiro
segunda-feira, 30 de julho de 2007
sexta-feira, 27 de julho de 2007
As Invasões Bárbaras no Ordovás
quinta-feira, 26 de julho de 2007
Agende-se: Scorsese em Semana Temática
quarta-feira, 25 de julho de 2007
Ser e Fazer
roendo-me palavras
na tentativa de decifrar códigos
silêncios irrevelados
O estrabismo de gostar
aleijando o amor no ódio de amar
com violência
intromissão
insanidade
A exigência surda
de um canto de ave
na hora de esquecer, inevitável.
Vontade de cobrir os olhos
com mãos de carinho e felicidade
Por ser e por fazer, enfim.
sábado, 21 de julho de 2007
Como eu sonhei
Poder voar além do céu além do sol
Ser uma nave longe de qualquer farol
Ah, como eu sonhei
(...)
Já conheci
Tanta manhã sem esperança de ficar
Tanto amanhã que foi promessa de voltar
Juras de amor
Às vezes dor
Às vezes paz"
Bïa
sexta-feira, 20 de julho de 2007
Hitch em Sarau Astral e Semana Temática
quarta-feira, 18 de julho de 2007
Para dentro
a mão que quer
o corpo que hesita
no abismo do querer
O tempo sufoca
a vontade amortece
porque há olhos a ver
que, curiosos, anoitecem
Ela brinca com o anel
num faz de conta qualquer
Ele olha para a tela
na trama a cena cruel
Ela olha para dentro
longe do que ninguém vê
sexta-feira, 13 de julho de 2007
Semana do Oscar no Ordovás
quinta-feira, 12 de julho de 2007
Lya Luft
a chave da minha idéia,
a moldura de minha alma desencontrada.
Não sei a forma das palavras
nem o ritmo dos sons, mas o que tenho a dizer
quer nascer de mim e se retorce."
terça-feira, 10 de julho de 2007
Peter Greenaway
domingo, 1 de julho de 2007
sexta-feira, 29 de junho de 2007
Por um segundo
Fez-se festa infinita em minha vida
E a estrada longa inteira
Num giro da mente eu vi
Por um segundo em um beijo teu
Tive todo o universo em meu corpo
E eu fui dono das estrelas
Guardei no meu peito pra dois"
(Gonzaguinha)
quinta-feira, 28 de junho de 2007
é o que está certo".
Você já leu Clarice Lispector?
Você já amou por seus olhos introjetados?
No amor em si
No amor para si?
Olha para você e se ama
é o que está certo.
Mas olhe para mim!
Você já pensou no além de si
Na significação do ato sem nexo
Na coisa feita a reboque
a ferro
a mãos
a dois
a um
a menos que um?
Você já teve medo
nojo
raiva
sono
Indecisão fatal?
Olha para você e para mim
Ama a você e a mim
É o que deveria estar mais certo
Você já leu Clarice Lispector?
É o que está certo....
quarta-feira, 27 de junho de 2007
Intermezzo
Trecho de Arremedo, conto de O Imprevisto
terça-feira, 26 de junho de 2007
Bem querer à espera
te espero sempre e tanto
que minha alma desvanece
Quero a luz dos teus olhos
na luz dos meus olhos
que o nosso brilho
é o que aquece
Esqueço a dor e a solidão
Invento riso, paz, ilusão
Vem meu bem querer que
te quero sempre e tanto
no silêncio próprio da espera
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Comme une vague
Pareil à ce qu`on verra dans une seconde
Tout renait toujours des cendres
Du monde
À quoi bon tenter d`écrire
Renetir
Sur le sable la trace
Elle arrive et tout s`efface
Et l`on recommence
Comme une vague qui va"
(Lulu Santos/ Nelson Motta. Versão: Bïa)
De volta para casa...
quarta-feira, 20 de junho de 2007
Aos leitores!
Beijos a todos e até segunda!
Sarau Astral no Zum Zum
terça-feira, 19 de junho de 2007
Volver a los 17 - Violeta Parra
Lo que puede el sentimiento no lo ha podido el saber
ni el más claro proceder, ni el más ancho pensamiento
todo lo cambia al momento cual mago condescendiente
nos aleja dulcemente de rencores y violencias
solo el amor con su ciencia nos vuelve tan inocentes.
segunda-feira, 18 de junho de 2007
Bïa - Coeur Vagabond
domingo, 17 de junho de 2007
Paula e Bebeto
qual a palavra que nunca foi dita, diga
qualquer maneira de amor vale aquela
qualquer maneira de amor vale amar
qualquer maneira de amor vale a pena
qualquer maneira de amor valerá"
(Caetano Veloso - Milton Nascimento)
No Zarabatana...
sábado, 16 de junho de 2007
A palavra
que sopra no teu encalço
mas não é a forma única
porque te alcanço
Não é o que encerra
o que resume, o que perpetua
A palavra é apenas a sobra de mim
que te abrange no limiar do que somos
Eu, sou a palavra que te sopro
Eu, sou a palavra que me sobra
Não existo eu (?)
Existem velocidades inimagináveis
dentro, na minha órbita
dentro, na tua órbita
Dentro da nossa órbita é quando
minha palavra e tua palavra
se completam no silêncio
(que sobra de tudo o mais)
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Anthony "genius" Hopkins
quarta-feira, 13 de junho de 2007
Curtas os curtas!
Gilberto Gil
nem pensar que está contente
nem pensar que está contente
a gente quer
nem pensar a gente quer
a gente quer, a gente quer
a gente quer é viver"
terça-feira, 12 de junho de 2007
A Casa do Lago
domingo, 10 de junho de 2007
Clarice Lispector
sábado, 9 de junho de 2007
H. D. Thoreau
sexta-feira, 8 de junho de 2007
Curtas Franceses
quinta-feira, 7 de junho de 2007
O Céu de Suely
O Céu de Suely - Brasil, 2006, 100 min. Direção: Karim Aïnouz. Elenco: Hermila Guedes, Maria Menezes, Georgina Castro, Zezita Matos, João Miguel, Mateus Alves. Site Oficial: www.oceudesuely.com.br
quarta-feira, 6 de junho de 2007
Esquecer/Lembrar
vou adormecendo assim
neste esquecer/lembrar
Sei que sonho,
que te sonho, às vezes
e queria sonhar sempre
se sempre existe
Esqueço e lembro
e te quero menos
ao lembrar
já que te quero sempre
quando esqueço
E quando eu esquecer
pra sempre
então é porque
já te quero demais
Vou acordando assim
neste esquecer/lembrar
terça-feira, 5 de junho de 2007
Fernando Pessoa
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar"