domingo, 30 de novembro de 2008

Deus é um conceito pelo qual medimos o nosso sofrimento.

John Lennon

John, eu não esqueço...

Ouço Lennon, como de costume nesta época do ano. Em dezembro, principalmente. Enquanto isso, o vento insiste nas persianas fazendo-as bater de um modo insuportável. O tempo está fechado. Imagino mil coisas sem sentido, porque nem sempre é preciso dar sentido ao que sentimos. Ouço as palavras de John e me aqueço nelas. Gosto de pensar nele e em Yoko, embora para alguns isso seja um sacrilégio. Também já fui adolescente a achava que a culpa era dela, você sabe porquê. Mas a gente cresce e entende o amor e vê que ele é feito de complementares. Semana passada em uma aula, alguém falou que o papa perdoou Lennon. Uma bruta interrogação apareceu na minha frente. Entenda como quiser, mas a frase dita por ele há tanto tempo não carece de perdão, ainda mais de alguém que só fica "olhando" para a humanidade de seu trono no Vaticano. Vamos e venhamos, isso é só o fim.

sábado, 29 de novembro de 2008

Wine at saturday night




Sábado, domingo. Dias de ler monografias, mas também de tomar vinho e ouvir Amy Winehouse. Enlouquecer um pouco vivenciando as coisas boas da vida e pensando que não, nada aconteceu de realmente trágico, ninguém que eu amo teve uma parada cardíaca, então, sigo em frente. O mundo se moveu em seu eixo enferrujado, e a gente foi se pacificando das dores todas da semana: de enchentes, mortes, ataques terroristas na ìndia, etc. . Tudo vai ficando esmaecido como uma foto antiga que guardamos por delicadeza da saudade. Assim, a Terra dá suas voltas e nós vamos ficando cada vez mais homens e mulheres cheios de dúvidas e incertezas, porém vamos em frente, sempre. Aos murros e pontapés, mas vamos. Carpe Diem!

Idéias: Biba Fotos: Luiz Carlos Erbes


sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Coisas pela casa...


Coisas que eu gosto são tão simples. Como um arranjo de mesa ou flores pela casa. É bom querer estar rodeada de coisas coisas coisas. Dá uma sensação de se pertencer a um lugar. Um lugar que vai se construindo com a gente. Hoje foi um dia muito especial para mim e essas coisas de que falo alimentam o meu cotidiano como ícones de beleza e precisão.
Um dia ainda vou ser decoradora!!

Fotos: Luiz Carlos Erbes

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Tudo passa...

"Nada do que foi será
De novo do jeito
Que já foi um dia".

Tudo passa. Tudo sempre passará. Por isso, esse olhar agora distante, buscando algo que se foi ou que ainda não aconteceu. Esse olhar perdido no vago, no impreciso. Sem querer respostas. Elas são muito fáceis. Sem ficar perguntando. É mais fácil ainda. Apenas fico com esse olhar que busca pelo já dito, pelo não-dito, pelo vir-a-ser. Tudo muito existencialista, é claro, pois Sartre deixou um pouco do seu legado.

"A vida vem em
ondas como o mar
num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
igual ao que gente viu
a um segundo..."

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Roland Barthes

De tanto olhar, a gente se esquece que pode ser olhado.

domingo, 23 de novembro de 2008

Take it easy!

Estudar no domingo lembra a minha infância e adolescência. Sempre que queria evitar os outros eu achava de ir estudar. Aquilo se tornou mecânico. Tinha visita eu ia estudar. Mas é coisa que faço hoje porque o tempo, sim o tempo, não me dá trégua. Aliás, a ninguém, que eu saiba. Vivemos essa dimensão maluca do relógio, símbolo do tempo. Quase 16h, meu deus, tenho muito o que estudar ainda e além disso há trabalhos a corrigir e ... Calma. Take it easy. Vamos conversar seriamente: estudar é bom, eu adoro. Mas hoje é domingo e é novembro e tem sol lá fora vento alegria. Também quero um cadinho disso, senão viro uva passa. E você, o que está fazendo de bom neste belo domingo? Tenha certeza que já já vou dar um passeio!!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Amelie Poulain


"Les temps sont durs pour les rêveurs".
Sim, é um tempo difícil para os sonhadores, mas não podemos desistir.
Tudo o que somos devemos ao amor. É ele que nos impulsiona.
Se os tempos são duros é para que sonhemos mais.
Para que busquemos além da conta o amor em sua máxima liberdade.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

"Todo amante sabe que o momento do prazer vem quando o êxtase terminou há muito e ele tem diante de si a flor que desabrochou com o seu toque".

Johnny Depp em "Don Juan de Marco" (1995)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A sociedade desde sempre apresentou-se como um tecido necrosado. Estar no mundo é agir. Refletir. Participar. No microcosmo dos nossos lares ou empregos temos um rasgo deste mesmo tecido se não nos damos conta do quanto ele é contagioso. Não temos como preservar certos direitos se os outros não respeitam a nossa individualidade dentro da massa atônita que silencia.
"Vida de gado", disse Zé Ramalho em seu Admirável Gado Novo. Pensemos em Huxley e aquela sociedade do futuro. Hoje foi um dia assim, de desentravar o que estava na garganta porque essa apoplexia não pode continuar. "Silêncio". Como no final de Cidade dos Sonhos. Alguma coisa aconteceu que Lynch entendeu antes da gente. "Silêncio". Mas é um daqueles cheio de palavras...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Antes de partir

daqui há dez anos, não!
a vida é hoje, é agora
nada de passar pelo mundo
com a sensação de estar fora
carpe diem, carpe diem
antes de irmos embora...

Antônio Iraildo

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Rosa do Marrocos

Miguel deixou cair o livro no chão. As páginas amareladas de uma edição de bolso do Werther folhearam-se ao acaso pelo vento:

A vida humana não passa de um sonho. Mais de uma pessoa já pensou isso... Dançamos vários minuetos... meus dias de felicidade são como os que Deus reservou aos seus santos... a distância, naquelas paragens, parece-se com o futuro...

As frases soltas, Miguel leu enquanto o vento, com seus invisíveis dedos, saltava as páginas. “De dentro de mim”, pensou, “eu não entendo o que sou fora de mim. Esse corpo. Essa luz que ilumina esse corpo. Tanto desejo...”. Miguel olhou o mar, era como reconhecer-se. A inquietude gigantesca das águas azuis era a mesma que o levara àquele exílio. Precisava serenar-se, mas a maré estava por subir. Inteiramente sabia, mas metade dele negava-se ao destino. “Eu faço o que há para ser feito de mim. Tenho essa certeza. Hoje, não queria as lembranças porque elas me mostram o que já fui e eu agora queria o que está por vir, o que desconheço. No entanto, parece que, como o mar revolto, o depois pode ser a imagem do dia anterior”.

Nessa solidão escolhida, falou em voz alta, antes de abaixar-se para recolher o livro: “Desse jeito você vai deixar a loucura entrar”. O pensamento, velocidade da luz, respondeu no ato: “Já está dentro”. Goethe por acaso não era um insano também, perguntou-se. “Se eu fosse Werther mataria em mim o desejo, apenas isso”. A idéia de salvar o personagem de seu trágico destino era, e isso ele sabia, o seu próprio desejo de purificação.
(Trecho de Rosa do Marrocos, do livro de contos O Imprevisto)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Caio Fernando Abreu


Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.

E numa louca corrida
entregarei meu ser ao ser do Tempo
e a minha voz à doce voz do vento.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O que eu não gosto - Parte II

mau-humor, picada de borrachudos (fico empolada), gente que vive em câmera lenta (para não dizer outra coisa), disse-me-disse, coca-cola sem gás (eca!), mulheres atiradinhas, homens sem ação, pessoas desastradas (ai!), cabelo embaraçado, excesso de trabalho que gera estresse, gente que se acha (e como tem por aqui!), quando falta sorvete de chocolate na sorveteria, de ficar sem ver um filme porque alguém retirou antes de mim, que falem mal do Al Pacino, que exista guerra no mundo, que cortem árvores...

domingo, 9 de novembro de 2008

Clarice Lispector

Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O que eu não gosto - Parte I

Visitas inesperadas, pessoas que ligam às 8h da manhã, chuva chuva chuvarada, ruído da broca no dentista (aiiiiiii), sujeira na sola do sapato (chiclé que gruda e não quer sair!), abrigos (desses para caminhadas), gente que não sai do senso comum, dos donos da verdade, de brincadeira sem graça, que falte chocolate em casa, que meu gato persa vomite bolinha de pelo, que falte água/luz, ter que falar sem ter vontade, barulho de moedinhas quando as pessoas ficam fazendo isso de propósito, cheiros desagradáveis (urgh!), gente perfumada demais, estar com fome quando já devia ter almoçado, filmes trash, mulheres com legging e blusa curtinha, toda e qualquer vulgaridade...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Um tempo para meditar. Tirar a limpo algumas coisas.
Ver o pó que se acumula nos livros.
Olhar os pequenos detalhes e pensar nas palavras que me agradam, como:
cores, ambiguidade, imaginário, simbólico, iconicidade, anjos...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Losing my religion

That's me in the corner
That's me in the spot light
Losing my religion
Trying to keep up with you
And I don't know if I can do it
Oh, no, I've said too much
I haven't said enough


R.E.M

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Os dias...

Os dias têm sido intensos. As noites de calmaria. Dormir era preciso depois de tanta insônia. De dia, você abre os olhos e pensa estar vendo de tudo um pouco. Mentira. São apenas focos, enfoques, angulações. Uma fração do destino. Um milésimo de verdade. O resto é incerteza. É (d)nela que vivemos continuamente, sempre dizendo o contrário: que temos tempo ainda, que sabemos o que nos espera, que somos não o que aparentamos, que que que. Palpita a vida com seus lampejos e a nossa vocação é estar no limite, mesmo quando acusamos firmeza e declaramos que não, não somos um embuste. Não nos deixemos ser! Que a engrenagem obscena não tolha nossos sentidos e assim possamos realmente (v)ser.

domingo, 2 de novembro de 2008

Ensaio sobre a Cegueira


Medo. Insegurança. Raiva. Tudo nos move e comove em Blindness (Ensaio sobre a Cegueira), dirigido por Fernando Meirelles a partir da obra de Saramago. A pipoca foi devorada antes do filme, porque eu já sabia que durante seria indigesto. Ensaio machuca, dói. Somos nós também cegos? De uma cegueira leitosa que nutre a tela com delicadeza mordaz? Ou somos como a personagem de Moore e enxergamos o quanto o ser humano se degrada em situações de risco, em momentos de desesperança? Ver é o verbo mais correto. Ver vai além do enxergar as coisas, está para além delas. A obra de Meirelles é no mínimo um soco no estômago. Há espectadores que abandonam a sessão na metade. Quem fica, ganha. Pois se não há poesia na cegueira, há um olhar sobre a natureza humana muito intenso. Um olhar que não poupa a deficiência. Um olhar que nos procura o tempo todo dizendo: está vendo isso? E agora? E isso? E isso? Saímos da sala com um gosto amargo na boca.

sábado, 1 de novembro de 2008

O nome do dia

O nome do dia é sagrado. Como são sagradas as nossas emoções. Sincronicidade, nós falamos e ela nos dá uma idéia de universo convergindo para o Bem. Coisas deste tipo me passam pela cabeça depois de um breve passeio pelo Caminho das Colônias. E o nome do dia pode ser: efêmero, dormente, aguado, não importa. É sagração da vida. Então resolvo que amanhã é dia de ver Meirelles e seu Ensaio, comer a pipoca desejada, autorizar-me a sentir tudo com força, sem filtros. "Amanhã será um lindo dia/Da mais louca alegria/Que se possa imaginar..."