sexta-feira, 25 de junho de 2010

Camille Claudell

Ontem foi dia de "Pensar Cinema". O filme: Camille Claudell. Encolhida na cadeira revi cenas impactantes de uma relação doentia entre Rodin e a escultora. Paixão e loucura. No debate o olhar da Psicologia é o de que Camille ficou "demenciada". Uma mulher à frente de seu tempo, artista lúcida de seu fazer, mãe interrompida por um aborto concedido, abandonada por seu grande amor e pela família, deprimida por essa situação. Quem não ficaria? O demente não é sujeito de si mesmo. A pobre Camille tinha noção de sua dor. Já li as cartas dela para seu irmão. Não há delírio algum em se querer sair de um sanatório e retomar a vida. Porque era mais fácil resolver os problemas dessa forma, alienando as pessoas com crueldade, não significa que fossem dementes. Mas, não protestei. Apenas pensei que é ainda um tabu conviver com a loucura. Triste o fim de Camille, 30 anos em um sanatório. Sem poder tocar a argila preciosa ou mármore de seus encantos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Saramago

No meu apartamento penso em Saramago. Na fala de um aluno sobre a lucidez do escritor. Nas coisas ditas pelo jornal do Vaticano que tentam denegrir a imagem de um homem que acreditava nas palavras. Queria saber dizer coisas como ele. Sei apenas o básico: me comunicar. Parece-me o suficiente. Na cidade de Caxias, não há muito mais do que o suficiente. Tentei lembrar de uma frase de Castanheda sobre loucura e lucidez, mas foi a tantos anos que a li. A memória falha se não anotamos os pensamentos, nossos e de outros. Mas vamos lá! No meu apartamento tem lugar para os livros dele, para sempre.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Lotação

Eu ando de lotação. É melhor que ônibus? Sei não, mas tem ar condicionado. O problema é o rádio. As coisas ditas e as que ouvimos musicalmente são um desastre. Ontem ouvi uma que era de sair correndo. Não faço ideia dos autores/cantores, mas era brega-sertaneja, sabe, assim? Daquelas de dor de cotovelo cercada de obviedades e clichês. Queria descer ali mesmo quando entendi do que falavam: um amor proibido. Mas, tentei não ouvir. E, fazendo isso, descobri que a gente pode se focar em outras coisas quando algo assim acontece. Centrei meu coração e mente em literatura, cinema, poesia. Lembrei versos, cenas de filmes e quase cantei algo para mim mesma! Quando vi, a tal música horrorosa tinha acabado e outra estava começando. Porém, euhavia mudado de estação, e foi bom me testar assim. Respirar/Expirar/Inspirar... Viver.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Hoje

"...irmão das coisas fugidias..." Assim tenho sentido. Assim tenho caminhado por uma estrada tantas vezes estreita demais. E, as coisas fugidias, como o tempo, embalam minha caminhada. Sempre vou querer mais do que o dito. Sempre vou procurar papoulas por aí. Olhar o trem que não vem, só em meus sonhos. Estar sentada no lado da janela e ver a paisagem correr. Sentir o cheiro de jasmim mesmo sendo outono. Sentir o frio cortando a face e desejar boa sorte para quem. Hoje estou faminta de palavras que possam desatormentar o dia brilhante de sol e coragem. As coisas fugidias me encantam. Suspiro por elas, quando no fundo perco a direção se não tenho coisas certas. Digo, palpáveis. Como se agarrar-se a elas nos desse um pouco mais de fôlego para a vida. É assim que outro dia me peguei cantando: "Navegar é preciso. Viver não é preciso"...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Walk on - U2

Você tem que deixar para trás:

Tudo o que você produz
Tudo o que você faz
Tudo o que você constrói
Tudo o que você quebra
Tudo o que você mede
Tudo o que você sente
Tudo isso você pode deixar para trás
Tudo o que você raciocina, é apenas tempo
E eu nunca estarei acima do que procuro
Tudo o que você percebe
Tudo o que você conspira
Tudo que você veste
Tudo o que você vê
Tudo que você cria
Tudo o que você destrói
Tudo o que você odeia