sexta-feira, 29 de junho de 2007

Por um segundo

"Por um segundo num sorriso teu
Fez-se festa infinita em minha vida
E a estrada longa inteira
Num giro da mente eu vi
Por um segundo em um beijo teu
Tive todo o universo em meu corpo
E eu fui dono das estrelas
Guardei no meu peito pra dois"

(Gonzaguinha)

quinta-feira, 28 de junho de 2007

" Olha pra você e se ama
é o que está certo".
Você já leu Clarice Lispector?
Você já amou por seus olhos introjetados?
No amor em si
No amor para si?
Olha para você e se ama
é o que está certo.
Mas olhe para mim!
Você já pensou no além de si
Na significação do ato sem nexo
Na coisa feita a reboque
a ferro
a mãos
a dois
a um
a menos que um?
Você já teve medo
nojo
raiva
sono
Indecisão fatal?
Olha para você e para mim
Ama a você e a mim
É o que deveria estar mais certo
Você já leu Clarice Lispector?
É o que está certo....

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Intermezzo

Era para amassar com os dedos. Era como inventar mundos, de grotesca e assombrosa criatividade. Era para isso, então. Amassava e moldava. As figuras tornavam-se sólidas, eram a concretização de algo que pairava no obscuro da mente. Talvez não tão obscuro assim. A mão ia encaminhando coisas coisas coisas. Como se tecesse. Como um artesão. Como um desfiador dos emaranhados dos sonhos. Cabia tudo nas mãos. Os dedos descobriam a melhor forma, o melhor ângulo. Os dedos como experimentação do imaginável. O barro transformado. Escapando àquilo previamente esperado. Às vezes havia a surpresa de um contorno inexplicável, ininteligível. Mas as formas tomavam suas formas como se estivessem há muito tempo moldadas e bastasse, com dedos cautelosos, tirá-las de lá, onde estavam. Retirá-las com zelo e curiosidade, porque apesar de já concebidas não eram conhecidas. Não eram, ainda, o que viriam a ser, embora no cerne já o fossem.

Trecho de Arremedo, conto de O Imprevisto

terça-feira, 26 de junho de 2007

Bem querer à espera

Meu bem querer
te espero sempre e tanto
que minha alma desvanece
Quero a luz dos teus olhos
na luz dos meus olhos
que o nosso brilho
é o que aquece
Esqueço a dor e a solidão
Invento riso, paz, ilusão
Vem meu bem querer que
te quero sempre e tanto
no silêncio próprio da espera

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Comme une vague

"Tout ce qui se voit n`est pas
Pareil à ce qu`on verra dans une seconde
Tout renait toujours des cendres
Du monde
À quoi bon tenter d`écrire
Renetir
Sur le sable la trace
Elle arrive et tout s`efface
Et l`on recommence
Comme une vague qui va"

(Lulu Santos/ Nelson Motta. Versão: Bïa)

De volta para casa...

Alguns dias fora de casa nos ensinam o valor do comprometimento amoroso com antigos amigos e também fazem com que valorizemos os novos ainda mais. Como disse Ely M. Becker, "ser amigo é entender o silêncio, a ternura, o mistério". Penso sempre nas palavras de Renato Russo, de que "é preciso amar a pessoas como se não houvesse amanhã, porque na verdade não há."

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Aos leitores!

Meus amigos, estarei fora alguns dias. Vou para Santa Maria (da boca do monte!) (RS), visitar meus familiares, entre eles um irmão apaixonado por Literatura Espanhola (ele é parecido com o Chico Buarque jovem!). Vou trocar figurinhas e matar a saudade da minha terra natal.
Beijos a todos e até segunda!

Sarau Astral no Zum Zum

Para agendar: na próxima segunda-feira, dia 25, no Zum Zum do Rodrigo Lopes, tem Sarau Astral com Nivaldo Pereira, às 19h. Música, literatura e astrologia convergem em um clima muito especial. Vale conferir as características e simbolismos que regem os nativos do signo de Câncer, enquanto se saboreia um bom vinho ou café.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Volver a los 17 - Violeta Parra

Lo que puede el sentimiento no lo ha podido el saber 
ni el más claro proceder, ni el más ancho pensamiento
todo lo cambia al momento cual mago condescendiente
nos aleja dulcemente de rencores y violencias
solo el amor con su ciencia nos vuelve tan inocentes.
 

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Bïa - Coeur Vagabond

Nunca uma noite de domingo foi tão linda e proveitosa. Graças a Leandro, Mirella e Luizi, pude apreciar a bela e tocante Bïa. Fomos para Farroupilha, sim, como num road movie comovente, rimos e nos divertimos, cantamos e uivamos com Bïa no aconchegante auditório do Sesc. Um final de domingo levado às últimas conseqüências: a da alegria incontida. A cantora é brasileira mas sempre viveu pelo mundo. Suas canções podem ser em francês, espanhol, português, italiano. Há versões belíssimas, como João e Maria, de Chico Buarque. Você pode descobrir mais sobre Bïa Krieger no endereço: www.biamusik.com

domingo, 17 de junho de 2007

Paula e Bebeto

"pena que pena que coisa bonita, diga
qual a palavra que nunca foi dita, diga
qualquer maneira de amor vale aquela
qualquer maneira de amor vale amar
qualquer maneira de amor vale a pena
qualquer maneira de amor valerá"

(Caetano Veloso - Milton Nascimento)

No Zarabatana...

Como é bom ver gente alegre reunida. Dançando, bebendo, se amando de alguma forma. Uma gafieira em Caxias do Sul é algo completamente inusitado. Parece postiço, mas não é. Aconchegante, agradável e....romântico. Esse espaço é aberto uma vez por mês no Zarabatana (no Ordovás), soube por acaso. E isso é o que acontece quando se está vivendo: o acaso, a sincronicidade. A vida se desvela e tudo pode acontecer. Um simples encontro com amigos pode tornar-se o melhor de todos os acasos, ainda mais em uma gafieira.

sábado, 16 de junho de 2007

A palavra

A palavra é a sobra de mim
que sopra no teu encalço
mas não é a forma única
porque te alcanço
Não é o que encerra
o que resume, o que perpetua

A palavra é apenas a sobra de mim
que te abrange no limiar do que somos
Eu, sou a palavra que te sopro
Eu, sou a palavra que me sobra

Não existo eu (?)
Existem velocidades inimagináveis
dentro, na minha órbita
dentro, na tua órbita
Dentro da nossa órbita é quando
minha palavra e tua palavra
se completam no silêncio
(que sobra de tudo o mais)

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Anthony "genius" Hopkins


Um ator completo, intenso, quase assustador. Assim é Hopkins, mas isso não é nenhuma novidade. O que acontece é que em Um Crime de Mestre (Fracture), cartaz no GNC, ele se supera e deixa o espectador quase alucinado. O filme é feito com inteligência e adrenalina. Parece finalizar em várias ocasiões para então retomar-se em força ainda maior. Lembra o essencial cinema hitchcokiano, com suas reviravoltas e personagens inesquecíveis. O embate no tribunal, entre o promotor e o potencial assassino é simplesmente magnífico. É pena que, entre Piratas do Caribe e Homem Aranha, o filme acabou relegado a uma única sesssão, às 21h40. E, pior, temo que saia de cartaz nesta sexta. Portanto, se você ama cinema de qualidade, invista seu tempo ainda hoje nesta obra exemplar.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Curtas os curtas!

A turma que curte cinema não pode deixar de assistir a Mostra de Curtas Franceses que continua na Sala Ulysses Geremia, no Ordovás (Rua Luiz Antunes, 312). A arte do curta metragem exige uma capacidade aguçada para captar e narrar uma história em poucos minutos. Quem quer fazer cinema, primeiro faça uma imersão nos curtas. Nesta quarta, às 20h serão exibidos filmes do Festival Clermont-Ferrand, de 2006. No sábado, dia 16, temos Estranhamente Curtas; às 18h e às 20h30, Curtas do Mundo. No domingo, dia 17, às18h, Clermont-Ferrand e às 20h30, Curtas de Recreio. Na próxima quarta, dia 20, às 20h é a vez de Elas. A programação da sala é obra de Uili Bergamin.

Gilberto Gil

"Quando a gente tá contente
nem pensar que está contente
nem pensar que está contente
a gente quer
nem pensar a gente quer
a gente quer, a gente quer
a gente quer é viver"

terça-feira, 12 de junho de 2007

A Casa do Lago

Tem dias em que a gente tem aquela vontade de se apaixonar, não tem? De viver os batimentos cardíacos acelerados e as pernas tremendo. Foi pensando nisso, e já que hoje é Dia dos Namorados, que resolvi recomendar uma filme romântico que assisti ontem. Chama-se A Casa do Lago, com Keanu Reaves e Sandra Bullock. Lindas cartas são trocadas pelo casal que tem um problema insólito: ele vive em 2004 e ela em 2006. Desvende este mistério!

domingo, 10 de junho de 2007

Clarice Lispector


"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

sábado, 9 de junho de 2007

H. D. Thoreau

Olha só o que Thoreau disse lá no século 19: "Ando, logo penso veio antes do penso logo existo". Fiquei refletindo sobre a genialidade do escritor norte-americano que muito antes de se falar em buraco de ozônio e coisas do gênero, já fazia apologia pela natureza e por uma vida saudável. Durante um período de sua vida ele construiu uma cabana perto de um lago na qual foi morar com o intuito de provar que se poderia viver sem dinheiro.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Curtas Franceses

A sala de Cinema Uysses Geremia, no Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho (Rua Luiz Antunes, 312 - Bairro Panazzolo) apresenta neste final de semana a mostra Viagens em Curtas, com obras francesas selecionadas. No sábado, dia 9, às 18h, será exibido Curtas de Recreio e às 20h30, Elas. No domingo, dia 10, às 18h, Curtas do Mundo e às 20h30, Estranhamente Curtas. Na quarta-feira, dia 13, às 20h, é a vez de Clermont-Ferrand 2006. Informações: centrodecultura@caxias.rs.gov.br e fone 3228-1013.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

O Céu de Suely

Ontem fui assistir, finalmente, O Céu de Suely. Sabia que o filme era bom, que ganhou muitos prêmios, mas isso eram apenas informações parciais. O tema, a estética, o enredo, tudo em Suely é surpreendente, porque simples e direto, como o próprio universo nordestino no qual se passa a história. Ficaram para mim o olhar fundo de Hermila/Suely, os planos fechados, os closes implacáveis revelando uma atriz comprometida, brilhante. Em cartaz no Ordovás.

O Céu de Suely - Brasil, 2006, 100 min. Direção: Karim Aïnouz. Elenco: Hermila Guedes, Maria Menezes, Georgina Castro, Zezita Matos, João Miguel, Mateus Alves. Site Oficial: www.oceudesuely.com.br

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Esquecer/Lembrar

Esqueço e lembro
vou adormecendo assim
neste esquecer/lembrar
Sei que sonho,
que te sonho, às vezes
e queria sonhar sempre
se sempre existe

Esqueço e lembro
e te quero menos
ao lembrar
já que te quero sempre
quando esqueço

E quando eu esquecer
pra sempre
então é porque
já te quero demais
Vou acordando assim
neste esquecer/lembrar

Nabokov

"Poesia se lê com a espinha"

terça-feira, 5 de junho de 2007

Fernando Pessoa

"Temos todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.


Qual porém é verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar"

domingo, 3 de junho de 2007

Inverno

Andar pelas ruas frias e deixar-se acender pelo sol ameno. Tomar um capuccino e pensar em Paris. Ouvir Wilco e lembrar de John Lennon. Pensar que o inverno da Serra também pode ser uma benção quando se encontra amigos lá no Arco da Velha ou no Zum Zum, do Rodrigo Lopes, um espaço café + revistas + arte. Carpe Diem, mais do que nunca. Viver pode fazer sentido, isso eu não sabia.

sábado, 2 de junho de 2007

Maiakovsky

"A morte não é difícil.
Difícil é a vida e seu ofício"