segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Retomada

Ausentar-se foi um jeito de sobreviver. Como um torcicolo a ferir os movimentos. Ausentar-se foi dizer que não, não havia lugar para o sonho e o sonho acabou mesmo. Então, retirei das farpas e falhas, um pedaço colorido da dor mais noir possível. Quebrei. Fatiei. Rebusquei um jeito novo de me transformar. Nada de fênix ou borboleta saindo do casulo. Apenas vida. Perene. Calma. Ausentar-se assim, por tanto tempo, teve um efeito de bala perdida. Ninguém a saber de mim no instante final. O tempo se alinha agora comigo nesse momento de retorno antecipado. Retorno da Terra do Nunca. Sem pó de pirlimpimpim. Sem asas para voar ou sombra grudada na parede. Quem volta é alguém saído de uma penitência, com a ousadia de cumprir o rito em sua particularidade. Quem volta sobrevoou o nada. Soube dos dias vazios de novembros e meses tais.
Quem volta um dia vai partir pra valer.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A Primavera

Muitas coisas estão acontecendo. Tenho vindo pouco aqui, eu sei. Mas, sempre lembro que esse é meu lindo espaço de troca e alegria. Nas últimas semanas, crise de alergia devido às mudanças de clima, aos ácaros e pólens. Sim, sou alérgica. Fica tudo complicado nessas horas. Respirar, principalmente. Então, recebi um vídeo do meu amigo Giba para instigar meu sistema imunológico. Divido com vocês.


http://www.youtube.com/watch?v=qX-_m1u53Kc

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Loucos de Cara

Se um dia qualquer
Tudo pulsar num imenso vazio
Coisas saindo do nada
Indo pro nada

Se mais nada existir
Mesmo o que sempre chamamos real
E isso pra ti for tão claro
Que nem percebas

Se um dia qualquer
Ter lucidez for o mesmo que andar
E não notares que andas
O tempo inteiro

É sinal que valeu!
Pega carona no carro que vem
Se ele não vem, não importa
Fica na tua

(Vitor Ramil)

domingo, 19 de setembro de 2010

Angel

I sit and wait
There's an angel contemplate my fate
And do they know
The places where we go
When we're gray and old
'Cause I've been told
That salvation lets their wings unfold
So when I'm lying in my bed
Thoughts running through my head
And I feel the love is dead
I'm loving angels instead

(Robbie Williams)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Demoro, mas sempre volto. Por aqui tivemos um Congresso, o Intercom, que tomou bastante tempo. Mas hoje, deu pra ouvir meu Chico Buarque e pensar nas aulas da semana. Também, fiz muito carinho nos meus gatos e pensei em coisas como: diversão e arte. Vontade louca de escrever um conto, como eu fazia tempos atrás. As ideias aparecem mas logo somem. Pura vaguidade. Dia desses ele nasce. Dias desses nasço com ele.

sábado, 28 de agosto de 2010

Escolha

Decidimos juntos que o sábado vai ser para fazer nada. Assim, ocultar-se dos problemas banais e vivenciar um pouco mais de alívio e alegria, esse é o desafio. O sábado foi eleito porque no domingo já estamos entrando novamente no ritmo. Pensamos na segunda e sabemos: há algo a fazer a respeito disso ou daquilo. No sábado é possível vislumbrar um domingo de sol, um almoço mais gostoso, uma felicidade fugidia. Sábado é assim um dia interessante de se ouvir. Ele fala mil línguas e as vozes desembocam solenes em nossos ouvidos: um filme chinês, coreano, japonês, iraniano., espanhol... Sim, porque sábado também foi escolhido para se assistir um belo filme, desses que nos marcam, incitam, mexem com os sentidos. Como dizia o poetinha Vinícius: "porque hoje é sábado"...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Livros me circundam. Palavras para se transcender o óbvio. Me envolvo. Aceito. Luto. Discordo. Tudo se dá de um modo novo, prisma de mil cores. Filmes me conquistam. Os argentinos, em especial os de Campanella. Riso, tragédia e toda sorte de alegrias fluidas. "O Filho da Noiva" vale uma taça de vinho tinto para brindar depois. Tudo o que me cerca acende uma luz em mim. Dessas que ofuscam e se bastam. Não aquelas que piscam. Tudo é comovente, até meu silêncio dolorido.

domingo, 22 de agosto de 2010

O retorno

Voltei de caminhos insabidos. Das redondezas de estranhos lugares. Do coração das coisas. Vividas ou não. Voltei e prometo ficar. Ficar para falar da alma resplandescendo e do amor renascido a cada dia. Não pretendo muitas coisas além de escrever o que sinto. Ver a lógica de tudo desmoronar também fez parte desse afastamento voluntário, mas que pareceu exílio. Volto de profundezas, dentro e fora de mim. Sabe o poço do Caio Fernando Abreu? É mais ou menos isso. Mas se morrer não dói, viver às vezes machuca. Nada que o tempo não possa reverter. Nada que não possamos "des-imaginar".
Carpe Diem!!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Alguns dias fora. Depois eu volto, tá?

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Água

"Quero minha mãe, quero colo, quero àgua". A menina falava assim, rápido, quase em desespero. Foi engraçado ouvir essa história porque pensei que muitas vezes eu queria ter falado isso mas não sabia como. As crianças tem seu código secreto. E a gente tenta decifrar. Vai para além dos sonhos descabidos. Vai para além da inocência intocada. Só sei que a frase ficou marcada. Queremos mesmo essas coisas em momentos de frustração ou desesperança. No momento, cheia de uma alegria invasiva, quero colo não, nem mãe, só água. Dá um copo?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Espelhos

Rápido. Intenso. Cheio de um frescor que eu já desconhecia. Assim pode ser um dia na semana, planejado para dar certo. Por ser em julho, talvez. Por estar frio, quem sabe. Um croasonho recheado de morango. Um expresso. Um encontro entre amigas que marcaram várias vezes "a hora, o local e a razão". Mas nunca fechava. Sempre um impedimento ou outro. Mas há sempre um dia destinado ao encontro. Cinema pra lá, cinema pra cá. Ela com os closes. Eu com os espelhos. Tudo porque revi Dragão Vermelho, com Edward Norton e Ralph Finnes. Esqueci de Anthony Hopkins?! Claro que não. Ele é the one. E havia os espelhos quebrados do "Fada dos Dentes", na verdade Mr. D. E havia medo e a sedução do terror. Então, ontem, para fechar o dia, voltei para casa com um vento-lâmina a dissecar meu rosto. Cheguei em casa e coloquei o DVD que havia pego antes do café com a amiga. Fome de Viver, com Catherine, Sarandon e Bowie. Anos 80, cabelos, roupas. Mas a história não tem idade. Um filme que era para ser revisto há anos e que só agora reencontrei. Um sorriso maroto quando Sarah (Susan) abre o armário do banheiro. Fecha e vê o rosto de Mirian (Deneuve). Os espelhos entraram definitivamente na minha inserção pelo mundo do cinema. Não olhe agora!

sábado, 3 de julho de 2010

Ouvindo Vitor Ramil penso em Maradona a consolar seus jogadores. Ouvindo "Loucos de Cara" lembro das ruas de Porto Alegre. Tudo pode ser simples assim, como um pensamento voador. Nada de alicerces somente aura. Por tudo escolho a música, o cinema, a harmonia das coisas que a vida oferece e das coisas criadas pelo homem. O trabalho espera sobre a mesa. Dou-me alguns momentos de entretenimento para sobreviver porque "só trabalho sem diversão," você já sabe...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Camille Claudell

Ontem foi dia de "Pensar Cinema". O filme: Camille Claudell. Encolhida na cadeira revi cenas impactantes de uma relação doentia entre Rodin e a escultora. Paixão e loucura. No debate o olhar da Psicologia é o de que Camille ficou "demenciada". Uma mulher à frente de seu tempo, artista lúcida de seu fazer, mãe interrompida por um aborto concedido, abandonada por seu grande amor e pela família, deprimida por essa situação. Quem não ficaria? O demente não é sujeito de si mesmo. A pobre Camille tinha noção de sua dor. Já li as cartas dela para seu irmão. Não há delírio algum em se querer sair de um sanatório e retomar a vida. Porque era mais fácil resolver os problemas dessa forma, alienando as pessoas com crueldade, não significa que fossem dementes. Mas, não protestei. Apenas pensei que é ainda um tabu conviver com a loucura. Triste o fim de Camille, 30 anos em um sanatório. Sem poder tocar a argila preciosa ou mármore de seus encantos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Saramago

No meu apartamento penso em Saramago. Na fala de um aluno sobre a lucidez do escritor. Nas coisas ditas pelo jornal do Vaticano que tentam denegrir a imagem de um homem que acreditava nas palavras. Queria saber dizer coisas como ele. Sei apenas o básico: me comunicar. Parece-me o suficiente. Na cidade de Caxias, não há muito mais do que o suficiente. Tentei lembrar de uma frase de Castanheda sobre loucura e lucidez, mas foi a tantos anos que a li. A memória falha se não anotamos os pensamentos, nossos e de outros. Mas vamos lá! No meu apartamento tem lugar para os livros dele, para sempre.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Lotação

Eu ando de lotação. É melhor que ônibus? Sei não, mas tem ar condicionado. O problema é o rádio. As coisas ditas e as que ouvimos musicalmente são um desastre. Ontem ouvi uma que era de sair correndo. Não faço ideia dos autores/cantores, mas era brega-sertaneja, sabe, assim? Daquelas de dor de cotovelo cercada de obviedades e clichês. Queria descer ali mesmo quando entendi do que falavam: um amor proibido. Mas, tentei não ouvir. E, fazendo isso, descobri que a gente pode se focar em outras coisas quando algo assim acontece. Centrei meu coração e mente em literatura, cinema, poesia. Lembrei versos, cenas de filmes e quase cantei algo para mim mesma! Quando vi, a tal música horrorosa tinha acabado e outra estava começando. Porém, euhavia mudado de estação, e foi bom me testar assim. Respirar/Expirar/Inspirar... Viver.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Hoje

"...irmão das coisas fugidias..." Assim tenho sentido. Assim tenho caminhado por uma estrada tantas vezes estreita demais. E, as coisas fugidias, como o tempo, embalam minha caminhada. Sempre vou querer mais do que o dito. Sempre vou procurar papoulas por aí. Olhar o trem que não vem, só em meus sonhos. Estar sentada no lado da janela e ver a paisagem correr. Sentir o cheiro de jasmim mesmo sendo outono. Sentir o frio cortando a face e desejar boa sorte para quem. Hoje estou faminta de palavras que possam desatormentar o dia brilhante de sol e coragem. As coisas fugidias me encantam. Suspiro por elas, quando no fundo perco a direção se não tenho coisas certas. Digo, palpáveis. Como se agarrar-se a elas nos desse um pouco mais de fôlego para a vida. É assim que outro dia me peguei cantando: "Navegar é preciso. Viver não é preciso"...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Walk on - U2

Você tem que deixar para trás:

Tudo o que você produz
Tudo o que você faz
Tudo o que você constrói
Tudo o que você quebra
Tudo o que você mede
Tudo o que você sente
Tudo isso você pode deixar para trás
Tudo o que você raciocina, é apenas tempo
E eu nunca estarei acima do que procuro
Tudo o que você percebe
Tudo o que você conspira
Tudo que você veste
Tudo o que você vê
Tudo que você cria
Tudo o que você destrói
Tudo o que você odeia

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Dúvidas

Eu ando atrás de um tema fabuloso para meu doutorado. Queria trabalhar Lars von Trier, mas ele é super depressivo... Bate um medão e ao mesmo tempo um quê de desafio. Lidar com a angústia sem entrar nela. Os colegas me dão ideias sempre amenas. Meu analista também. Mas as coisas que mexem com o meu imaginário são densas, polpudas, tensas. Ando às voltas com as ideias. Não consigo pensar em outra coisa a não ser que tenho que ter um arrebatamento tal que uma ideia se solidifique em tese. Dúvidas. Para uma geminiana, normal. Vamos ver no que dá tudo isso.