quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Com os anjos

Onde estão os poemas,
pergunta a voz amiga
Digo que estão em um
lugar lilás senão azul
Digo que me deixaram
zonza e desprecavida
Digo que sinto falta mas
que eles não me pertenciam
O poema nasce e pronto,
já é do mundo, o danado
Não precisa crescer fora,
já nasce crescido e veloz
Mas onde estão os poemas?
Digo que estão com os anjos
E que assim seja

O amor

É cedo, vamos pensar no amor. Nosso velho conhecido. Estamos tão longe dele às vezes por pura incompetência nossa. Vamos celebrar o amor nestes dias vindouros, nestes dias que são quase como dias de magia e sedução. "Qualquer maneira de amor vale a pena/Qualquer maneira de amor vale amar". Sejamos engenhosos, criativos. Embarquemos na vaga do amor, as vagas marítimas sempre tão perigosas mas que levam ao novo, ao desconhecido. "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã/Na verdade não há"...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Ezra Pound

"Toda a arte começa na insatisfação física (ou na tortura) da solidão e da parcialidade."


Jorge Luís Borges

"Pegar um livro e abri-lo, guarda a possibilidade do fato estético. O que são as palavras dormindo num livro? O que são esses símbolos mortos? Nada, absolutamente. O que é livro se não o abrimos? Simplesmente um cubo de papel e couro, com folhas; mas se o lermos acontece algo especial, creio que muda a cada vez."

domingo, 16 de dezembro de 2007

Estranho. Sinto falta dos poemas que se perderam, não no tempo, mas virtualmente. Tenho vontade de escrever mas alguma coisa anoitece em mim a poesia. Talvez deva ficar guardada algum tempo. Enquanto isso, ouço Yamandu, coisa que lembra meu irmão. Esqueço dos perigos um pouco e me arrisco assistindo O Quarto Verde, de François Truffaut. Henry James nas telas. Faço cara de desentendida quando o assunto é morte. É um jeito de não querer sofrer mais. O filme incita os sentidos neste sentido. Depois, adormeço feito criança e tenho aqueles pesadelos... Melhor não contar, é coisa Stephen King.

sábado, 15 de dezembro de 2007

e.e.cummings

nalgum lugar em que eu nunca estive,alegremente além
de qualquer experiência,teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos,nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando sutilmente,misteriosamente)a sua primeira rosa

ou se quiseres me ver fechado,eu e
minha vida nos fecharemos belamente,de repente,
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;

nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade:cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira

(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre;só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva,tem mãos tão pequenas

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Feliz

Sensação de preenchimento, de luz ao redor. Vontade de muitas coisas que mimam e encantam a gente. Um filme. Um livro. Um poema... Há muita coisa para ser vivida e o tempo não espera por ninguém, já avisaram os Stones. Voando pela imaginação só penso que esse agora poderia sim ser interminável e que a gente só aprende na marra. Tenho aprendido muito, com certeza.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

A pá e a terra

De dentro ela só vê o impossível. E ela sou eu, agora, neste instante ínfimo no qual tudo se perde de repente. Ela que me evita, sonhou que cavava à procura de algo valioso que havia enterrado há muito tempo. Com uma pá eu a ajudava, pois era ela. Só vislumbramos o pequeno tesouro que, suponho, seja mais do que tudo algo inatingível. Mas um dia o tocamos tão de perto que fomos parte deste "tesouro". O que está escondido virá à tona em um amanhecer qualquer depois que eu e ela sonharmos novamente com a pá e a terra.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Sobre perdas e danos

Perdas e danos
desalinho
desânimo e Ritalina

Hora da sorte permeada
pela hora da zona morta

Não há castigo maior
do que perder a memória
ainda mais sendo ela
a nossa extensão de tudo

Sobre perdas e danos
caminhos
que inúteis se revelam
caminhos
que também transcendem
se a gente tiver força e coragem
de prosseguir
caminhos
de bits and bytes, enfim

domingo, 9 de dezembro de 2007

Vazio virtual

Difícil, mas retorno. Um tanto triste pela perda total dos meus dados guardados no Hall. Ele levou com ele meus segredos, meus poemas e contos, minhas aulas já organizadas... Os meios como extensão do homem, como lembrou Caco... Essas extensões não são confiáveis, como não o é a memória da gente tampouco. Agora, tenho que começar do zero. Hoje é domingo, mas não tem poesia. Tem um vazio enorme deixado pelo Hall. Um vazio virtual, vejam só. Sartre com certeza não pensou nisso.