Eu me salvei de mim. Fui do precipício ao cume da montanha. E doeu.Tanto e tão afirmativamente que eu só sabia conjugar o verbo doer e sempre no presente. Porque era um eterno agora. Sem amanhã, eu não via as luzes que se acendiam, nem as passagens que se abriam discretas. Eu já fui feita de dor. Eu já fui feita de mais eus do que podia carregar comigo. Por isso invadi o terreno da insuficiência, da loucura, do não ser. O esquisito é que teve alguém no meio disso que me empurrou: agora vai, ele disse. E eu acreditei. Por também ser feita de afeto, eu acreditei nele. E, nas noites de insônia, assistindo Camille Claudel, ele era desespero por mim. E eu lembrava Caio F e Clarice Lispector e Clarissa, a Dalloway. Estremecia no silêncio de minha respiração paralisada. Sofria. E ele empurrava, com delicadeza: agora vai. Sei que fui me transformando no que sou agora e tem algo de doce-amargo nessa vivência. Algo de inacreditável. Eu sei que peço demais e que Deus sabe o que é prioridade, por isso é Deus. O milagre da alegria é o mais indescritível depois da tristeza. Ah, esse sabor nos lábios. O beijo recente e as mãos firmes me largando no mundo: agora vai. Deus, não deixa isso acabar.
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6 comentários:
agora vai! amém.
A queda como subterfúgio, ou sagração. Mesmo com tendo o resultado duvidoso, estar no olho do furacão é o que importa.
Professora, ainda tens algum exemplar do teu livro de contos? Trocas um dele por um livro de poesia meu? Se sim, me dê um endereço que envio pelo correio.
Carinho sincero.
Sigamos...
pois é!
É Pattiê, amém!
Beijos
Carpe Diem!!
Sigamos, Germano. Vou te passar meu e-mail pra conversarmos sobre o livro. Claro que aceito uma troca!
eulalia_isabel@uol.com.br
Carinho
Carpe Diem!!
Pois é, Beto. Agora vai!
Beijo,
Carpe Diem!
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