sábado, 8 de agosto de 2009

Obrigava-se, então. Era preciso tentar. Não que quisesse. Tudo parecia turvo. Estava exasperada pela demora. Ele se empenhava tanto mas ela não correspondia. Havia um entrave, uma lacuna. Deu-se por inteiro naquilo que de pouco lhe restava: dignidade. Achou melhor desistirem no meio da jornada. Para seu espanto ele suspirou aliviado. Então, para ele também era um martírio? Pensou martírio e aí percebeu o quanto aquilo tinha ido longe demais. Não era assim que se amava. Não, de jeito nenhum. Que ele fosse embora de vez e a deixasse com suas ilusões passageiras, que logo a abandonavam como ele ia fazer. Talvez não hoje. Mas ia. Começava a sentir aquela opressão no peito e o jeito de olhar as coisas havia se transformado em raio laser. Tudo perdurava porque eram pouco talentosos com as despedidas. Cada um do seu lado da cama e pronto, o sono veio em seguida apesar dos pensamentos tortuosos dela.

2 comentários:

Improviso disse...

Textos curtos são às vezes tão difícieis de penetrar na rede de palavras e sentidos. Mas quando compartilhamos a sensação tudo fica tão aberto como se fosse uma ferida exposta.

Biba disse...

Oi Camila, é preciso entrar nos textos sim, vasculhar, descobrir, compartilhar as sensações...

Beijo
Carpe Diem!!