Só o tempo pode dizer. Mas o tempo fala? E como! Seu texto é às vezes incompreensível. Pensava essas coisas quando lembrou que era sábado e que o dia estava livre para fazer o que quisesse, embora não quisesse tantas coisas assim, então, de pronto, escreveu um poema. Sem rimas, sem métrica. Mas parecia com um poema. Gostou e ficou lendo as palavras escritas com a caneta bic. Coisa que queria era um dia ter uma caneta daquelas, sabe? Finas. Olhou em volta e viu o cachorro dormindo. A manhã estava quieta demais, depois do poema. Talvez, se ligasse para algum amigo. Que amigos tinha? Colegas, no máximo. Era assim muito sozinha. Mas morava em uma cobertura. Tinha lareira. Escadas. Lustres caros. Um colchão de R$ 10 mil. O que mais podia fazer com tanto dinheiro? Tudo o que comprava, no entanto, não aplacava sua feiura interior. Era mesmo horrenda, pensou, ao lembrar as coisas que ele dissera antes de partir. Levantou-se e olhou seu corpo no enorme espelho da sala. Sabia que ele tinha razão: ela estava flácida. Mas, não ia malhar todo dia como ele recomendou pretensioso. Se a quisesse teria que ser assim, flácida. Nem bem lembrou as palavras dele e nasceu outro poema torto. Hoje o dia estava inspirado. Ia fazer as unhas, o cabelo. Pegar seu carro e sair por aí. O sábado estava resolvido. Talvez encontrasse algum caroneiro na estrada. Quem sabe.
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2 comentários:
Olá, Biba. Também sou jornalista e também tenho um blog. Caso queira, podemos trocar links. O endereço do meu blog é http://gabinetebranco.blogspot.com
João Vicente, acabei de visitar o seu blog e gostei muito. Vojte sempre, seja um membro dos meus amigos virtuais.
Beijo
Carpe Diem!!
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