quinta-feira, 12 de março de 2009

Lygia Fagundes Telles

(...) "Com a ponta da língua pude sentir a semente apontando sob a polpa. Varei-a. O sumo ácido inundou-me a boca. Cuspi a semente: assim queria escrever, indo ao âmago do âmago até atingir a semente resguardada lá no fundo como um feto".

8 comentários:

gloria disse...

indo ao lugar onde se sente o gosto da vida-como-semente-a-ser-escrita , mesmo que amarga, mesmo que retida. A Lygia é tào rara! Que nem você, bjs.

Beto Canales disse...

Muito legal!

Eduardo Matzembacher Frizzo disse...

A Lygia com certeza é rara. E com certeza também, como todos nós que escrevemos, ela não sabe nada sobre essa "coisa" ou esse "outro" que lhe move na escrita. Mas descrever esse processo já é algo, quanto mais correlato ao gosto, ao paladar, o qual consiste no sentido de mais difícil definição. Vide os rótulos dos vinhos, os quais mesclam quês de paladar e olfato - "esse bordeau tem notas amadeiradas com pitadas de laranja silvestre que são sentidas no fundo da língua, sem falar das amêndoas que na ponta de língua fazem com que, do paladar ao cheiro, esse seja o melhor bordeau do mercado". Mas é assim mesmo. Proxilidade é tudo - ao menos pra quem quer embrulhar pacotes e enfiar na geladeira alheia. E filosofar não é criar sistemas, mas sim mudar o mundo. Portanto, acho que cada vez mais temos de andar por esses lados: literatura e filosofia, não demonstrando o esqueleto da filosofia na literatura. É minha opinião (e só). Mas que a Lygia é clara e rara, como disse a Glória, é fato. E tenho dito. Um beijo, Biba.

Franzé Oliveira disse...

Escreve o interior humano. O mais puro sentimento resguardado do mundo. O sentimento humano. Muito bonito.

Bjos com carinho.

Biba disse...

Glorinha, queria ser tão rara assim, obrigada por me dizer isso.
beijos
carpe Diem!!

Biba disse...

Oi Beto, acho mesmo muito legal o que Lygia fala sobre o ato de escrever, é lindo.
Beijos
Carpe Diem!!!

Biba disse...

Edu, "essa coisa" que nos move na escrita é que é o grande mistério do escritor. Sua mais absoluta loucura, nunca resguardada. Seremos, nós, raros como Lygia?
Beijos, muitos
Carpe Diem!!!

Biba disse...

Oi Franzé, é uma beleza o interior humano, não é? Nós somos feitos de um barro muito especial e lá dentro mora a nossa mais preciosa vertente: a vida.
beijos,
Carpe Diem!!