domingo, 8 de março de 2009

Escrever


Escrever é viver o medo. É sair para espiar lá fora e voltar correndo porque pode haver algo de muito horrendo se escondendo nos corredores, frestas, jardins. Como escrever sem colocar toda a coragem na escrita? Como escrever sem suspeitar e suspeitando enfim dar-se por vencida retomando a palavra? Escrevo desde que comecei a ler e leio desde que comecei a escrever. Interligadas, essas ações fizeram com que eu desenvolvesse mais minhas sinapses, meus anseios, minhas pequenas verdades. Sou precavida quanto às verdades que nos impõem. Por isso, relativizo tudo. Busco a ambiguidade e o sabor novo das coisas mais antigas. Escrever é assim, um desencontrar-se que vem de dentro e me cega ás vezes, quando mais quero dizer o que já não consigo. Aprendi a amar a escrita, a letra, o som das palavras sendo ditos em voz alta. A leitura me conduziu a mundos inimagináveis e por eles trafego com avidez e loucura. Escrever tem sido uma lida daquelas que a gente quer terminar logo mas sempre falta alguma coisa para tirar do lugar e colocar em outro. Sempre falta um senão, um porque, uma vírgula. Escrever é mistério e desatino. Escrevo por sobrevivência. Por acreditar na palavra, por entender que assim se cria algo mais para além das folhas em branco. Essas, servem para se começar a rabiscar nelas o desejo da escrita. Comecei com máquina de escrever. Comecei a lápis e caderno infantis. Comecei quando dei por mim e nunca mais consegui parar.

25 comentários:

Anônimo disse...

Talvez fosse hora de parar!
"Escrever é viver o medo"? HAfff... Isso é a anti-literatura! Passei por aqui pela primeira e última vez. Só fiquei curioso com uma coisa: O nome Carpe Diem é uma piada, né?

Fred Matos disse...

Não sei se "escrever é viver o medo", mas, sendo ou não, não se pode dizer que é anti-literatura, como foi dito pelo anônimo acima, até porque, sendo ficção, todas as coisas são da literatura. Eu gostei do texto e do blog.

Biba disse...

Obrigada Fred, espero que ao contrário do Anônimo você volte ao blog mais vezes.
Um abraço,
Carpe Diem!!!

Franzé Oliveira disse...

Poxa vida escreve o que se quer e ler quem quer. Ninguem é obrigado a gosta de meus escritos, como tb não sou obrigado de gostar do seu. E o que é literatura? è a arte de excrever e compor trabalhos, isso não quer dizer que tenho de esscrever o que tu gostas.Paulo Coleho é um alegórico e no entanto é uma pessoa que trabalha com literatura. Deve-se criticar o que escreve, mas jamais pode dizer que o que escreves não é literatura.

Bjos menina, feliz dia da mulher. Adoro seu espaço, viu?

gloria disse...

eu acho sim que escrever é poder transitar medos, luagres do indizível, sentimentos que atormantam sem linguagem, sem nome, sem símbolo. escrever é dar colo a sentimentos que são arredios, desconfiados e esse dar colo é o lugar da linguagem. assim como vc.escrevo desde que me entendo, escrveo desde que me desentendo. bjs mulher!

Biba disse...

Obrigada pela força Franzé. Meu espaço é todo seu, porque você entende. observa, captura o melhor da mensagem.
Beijo grande,
Carpe Diem!!!

Biba disse...

Glorinha, é isso, transitar pelo indizível. Que bom ter uma escritora que me visita e entende o que quero dizer. Sim, escrevemos desde que nos desentendemos como gente, tem coisa mais complexa do que ser?
Beijo grande
Carpe Diem!!!

Be Lins disse...

Escrever
é um exercício de liberdade
que deve ser, além de respeitado,
admirado.
Acho sim, que precisa muita coragem
para escrever, sendo esse um ato de desnudamento. Biba, viva sua escrita, ela te faz feliz. E a nós também!

Beijo

Anônimo disse...

amei todo o texto e recorto este pedacinho pela teia de sentidos, pela sonoridade, pelo ritmo... "(...) e voltar correndo porque pode haver algo de muito horrendo se escondendo nos corredores, frestas, jardins."
parabéns duplo: pelo texto e pelo dom de ser mulher.
bjim

adri antunes disse...

Bibaaa! só escreve quem tem coragem! por que somos tão tomados pelo medo, a todo o tempo, que escrever é uma forma de acender a luz!
querii, feliz dias pra nós!
e as fotos, bem as fotos eu ainda não baixei, coisa de mulher isso, fica fazendo fotos e fotos mas baixar que é bom, só quando a máquina não comportar mais! ehe
vou dar um jeito nisso!!!
bjuuu

Biba disse...

Bia, obrigada pelas palavras carinhosas. Sim, escrever é um desnudamento...
Beijos
Carpe Diem!!!

Biba disse...

Ira, querido, agradeço o dom de ser mulher, é preciso tanta valentia, sabe? Que bom que gostou do texto.
Adoro vc.
Bjim
Carpe Diem!!!

Biba disse...

Ah, Adri quero as fotos porque quero!! hehe!! Igual criança fazendo beicinho. Entendo que escrever seja acender a luz no meio de tanta escuridão, como a que vi aqui hoje.
Bjuuu!
Carpe Diem!!!

Letícia disse...

Biba,

Eu leio comentários e o primeiro que foi feito, sinceramente, é de um mau gosto sem explicação. É essa maldade que me assusta.

Muitos escritores dizem que enfrentam medos e anseios quando produzem. Seja um trecho, verso ou um romance. E eu entendo. Não há trabalho bem feito sem que tentemos alcançar limites e sofrer um pouco. Ou muito. Processo de criação não é como uma galinha e seus ovos. É trabalhar o que não vemos. "Esses mundos inimaginávies".

Beijos.

Sara disse...

Escrever, ler, ser:

Ações e-ternamente ligadas!

Sorte minha. Tua. Nossa!

Que fantástico esse blog!

Beijos

Biba disse...

Letícia, eu também fiquei assustada. De onde será que vem tanta maldade, tanto ódio? Por isso, obviamente, não respondi. Quanto a escrever é isso, desvendar caminhos. É uma busca constante, nunca um fardo. Mas, às vezes dói.
Beijo grande grande
carpe Diem!!

Biba disse...

Sara, seja bem vinda. Já que gostou volte sempre!! Gostei da conexão que você fez entre ler, escrever e ser.
Beijo
Carpe Diem!!!

Marcelo A. de Moura disse...

Escrever é tudo isso, e também é a voz do silêncio, uma forma de se expor sem ser descoberto, uma válvula de escape...Muito bem Biba, muito bem.

Anônimo disse...

Escrever é algo libertador.
Liberta-DOR. Ao escrever posso ser outra pessoa. Expressar meus sentimentos mais obscuros. Reviver a dor. Rever idéias.
Algo tão simples, mas intenso.

Muito bom o seu escrito.

Beijos Biba!

Eduardo Matzembacher Frizzo disse...

Escrever é necessidade. Ao menos para mim é como sexo e fome. Não existe vida sem palavra e não existe palavra sem vida, já que humanos somos. Seu texto é um sincero manifesto em prol desses seres que, muito embora tantos tartamudeiam miudezas desprovidas de nexo por aí, tentam nomear o mundo partindo da própria incerteza do próprio nome. Veja aí no cabeçalho dos comentários o "Anônimo", o qual comprova minha tese. Mas sigamos com chimarrões que um dia criamos um campo só para nós, uma estância perdida no meio do nada, através da qual, seja por janelas, portas ou fendas, veremos o minuano entrar e nos dizer daquilo tudo que amamos e que na escrita reside. Um beijo, Biba querida.

Biba disse...

marcelo, saudade de você. escrever é tanta coisa, tem tantos significados. eu apenasi apontei alguns, os que mais me atraem, talvez.
Bju
Carpe Diem!!!

Biba disse...

dayse, obrigada. Escrever é libertador sim, em todos os sentidos.
Beijo ,
Carpe Diem!!!

Biba disse...

Du, você tem razão, escrever é necessidade, como sexo ou fome. caramba, a gente às vezes não se dá conta do óbvio, né? E vamos mateando para criar esse campo só nosso, de que você falou.
Beijos, meu querido
Carpe Diem!!

pensar disse...

A escrita 'e magica mesmo.
As palavras nascem despercebidas de nos e repousam para acordarem num olhar.
Adorei teu blog
Te visitarei
Bjs

Biba disse...

Faça suas visitas sim, desculpe se só hoje vi o seu comment. Vou lê-la também.
Beijos,
Carpe Diem!!!