Quando uma história começa assim, com um homem sentado em sua cadeira de balanço, na sacada, olhando os movimentos da rua à noite, é porque existe um perigo. O perigo que se esconde, traiçoeiro, dentro desse homem e de sua casa.
Se abrirmos a porta que do balcão dá acesso à sala de estar, conheceremos um pouco do que esse homem - que se chama Ettore Capria - aprecia e ama. O reflexo no espelho é sempre o mesmo, o de uma cabeça de cavalo talhada em madeira. É um trabalho rústico, mal acabado. O dorso permanece na cômoda principal cujas gavetas se mantém chaveadas.
Umas poltronas antigas, algumas almofadas de pano, cinzeiros de vidro, vários tamanhos, distribuídos em torno da mesa de centro, pesada como as cores das paredes e do teto. A estante de livros acumula centenas de obras...
Lá fora, o homem esquece que possui calendários antigos pendurados em um dos cantos da sala. Não lembra dos discos empilhados sobre o tapete. Afunda suas mãos num entorpecimento senil. Não sonha.
Jamais sonha?
6 comentários:
Olá, prof Biba!!!
Hoje seu texto está profundo...
beijão
Oi Marcélia. Pois é, tenho esse jeito de escrever... Viu que visitei você?
Bjuss
Carpe Diem!
Oi prof!
Como a Marcélia disse, profundo mesmo o texto.
Beijão!
adoro seus contos, biba.
"girassóis" é meu predileto.
"Teve aquela vez, quando lhe pediram que comprasse flores para os funerais de uma tia, não teve dúvidas. Levou griassóis. Magníficos girassóis." (p. 51)
Werne descobriu atônito que a paixão não salva, não alicerça nada, pode apenas confundir." (p. 53).
bjo e ótima sexta!
Daia, e esse é só um trechinho do conto. Valeu sua visita!
Bjuss
Carpe Diem!
Pois eu quase postei um trecho de "Girassóis", acredita? Daí optei por Ettore. Mas a cada semana vou postando um trecho desde ou daquele, até chegar nos inéditos. O segundo livro está pronto! (Falta publicar, claro)
Bju
Carpe Diem!
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