A coisa mais estranha que pode existir é você ler uma carta escrita por você, décadas depois de tê-la enviado. De repente, caiu em minhas mãos. Reconheci o papel de cartas azul e a letra redonda. Li. E, daquele lugar onde fora escrita a carta, existia um eu que hoje quase desconheço, mas que sei, pulsa em algum canto de mim. Li, com firmeza de quem precisa completar uma lição. Porque a carta era assim um conselho e uma lição. Confrontei duas faces de mim mesma ao tocar aquele papel ainda intacto apesar do tempo. Digredi. Voltei. Entrei dentro do campo minado da simplicidade. Sim, a simplicidade mora em um campo minado, talvez por isso a gente teime tanto em querer o mais difícil ou o mais sofisticado que é areia no deserto. Plantei uma carta, quando já o fiz com muitas árvores. E havia ali, naquela escrita sincera, a alma de uma mulher em plena paz. Recostei-me sobre o espaldar da cadeira e me rendi a mim mesma. Do lugar que estou agora, vejo que aquela é a "verdadeira eu".
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10 comentários:
Quando era menino tinha muitas cartas. Gostaria muito de lê-las novamentes. Mas jogaram tudo fora quando eu sai de casa anos atrás.
Seria como uma viagem no tempo.
Boa noite.
As palvras
Que sejam simples
Que sejam banais
Que sejam suaves
Que sejam para sempre
Ou fadadas ao esquecimento
Neste ou naqueles versos
Que digam tudo
Ou digam nada
Mas que no fundo
Sejam somente palavras
Compreendidas
Mais nada
Biba,
Posso dizer que "não tenho palavras para esse texto"? Eu entendo esse vai e vem em que vivemos. Acho que entendo e temos muitas verdadeiras faces.
Beijos, escritora de mão cheia.
E acho que tive palavras. =)
Ler diários, cartas, coisas escritas ha muito tempo, sempre acontecem de forma inusitada, e a sensação é de como a ficar em frente a um espelho, olhando... Frente a frente comigo. Sensação essa, que não sei dizer muito, além de 'estranho'.
Franzé, eu também queria reler mais cartas que escrevi porque a gente encontra outra pessoa que no fundo é a gente em profundidade.
Beijo,
Carpe Diem!!
As palavras...há uma música do Chico Buarque que fala sobre as palavras:"Tantas palavras, que conhecia, saíram de cartaz"...
Muito lindo
Carpe Diem!!!
Linda Letícia, mesmo sem querer você tem palavras, certeiras, que me afagam.
Beijo e afeto
Carpe Diem!!
Adr. é mesmo, é como ficar frente a um espelho e é estranho e mágico ao mesmo tempo.
Beijos
Carpe Diem!!
Biba, querida, que emocionante (e simples, talvez por isso mesmo pungente) relato.
Já fiz isso também, de encontrar comigo mesmo, aquele lá de trás. :-)
Um beijo
CACO
CACO, querido, é pungente re-encontrar-se assim, através da gente mesmo em um outro tempo, em um lugar para o qual já não podemos voltar. Senti grande emoção ao ler a carta. Era para meu irmão...
Beijos
Carpe Diem!!
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