terça-feira, 2 de março de 2010

A pedra, Drummond

Coragem é preciso sempre. Todo dia é um recomeço. Sempre há uma pedra no meio do caminho, Drummond, eu sempre me deparo com elas. Às vezes faço a pedra rolar com certa facilidade. Noutras, o pedregulho quase me impede de ver o que há pela frente. Pedra é pedra, você sabe. Vai lá com um martelinho e fica batendo pra ver se desmancha. Nunca de never. Fico então, tentando pular, passar de lado, empurrar... O melhor mesmo era implodir a danada. Mas tem vezes que o estrago ainda é maior. Coragem, dizemos. Vamos em frente, com ou sem obstáculo, Drummond. Invento modos de suportar o desalinho da existência. Eu que sou obssessiva. Cuido para que tudo esteja no lugar. Só a pedra não tem lugar determinado. Isso me deixa louca. Daí recomeço o dia fazendo minhas contas de quanto tempo vou levar para desalojar a pedra no meio do caminho...

6 comentários:

Letícia Palmeira disse...

Biba,

Bom ler seu texto porque me dei conta de que, às vezes, eu sou a própria pedra. Eu mesma estanco meu caminho.


Beijos.

Lilian disse...

Olá, Biba

"Pedro"
Amei a visita...
E "desconTRAÍDA" foi a palavra chave.
A Pedra, talvez, seja interna mesmo. Poetas são livres e, em sua natureza, felizes. Pois que há poesia no murmurar das ondas, no voo dos pássaros. Nos sorrisos infantis, no sol de cada manhã, na chuva, na vida e na morte. Não devo a beleza da natureza e o meu olhar, a ninguém ou a nada. Meu olhar, como uma luz, ilumina os meus dias, traz inspiração, e é com esta inspiração que vou retirando as pedras. Me pergunto: quem colocou a pedra no meio do caminho, do meu caminho? No meu caso, vejo essa pedra como a religião, por exemplo. Que tenta me aprisionar, mas não me dá todas as respostas e tenta impedir que eu as busque por mim mesma, noutros lugares. Parece tentar me asfixiar. Nasci do ventre de minha mãe, tenho que inspirar e expirar sozinha. E não de dentro do ventre da Igreja. A religião (nada, ninguém, exclusivamente) não me dá, nem deveria dar, todas as respostas, apesar de estacionar neste lugar, bem no meio do meu caminho. Sim! Eu abaixo e pego essa pedra. Começo a rabiscar, no meu chão, palavras, que viram frases, que viram vida. A minha vida. Posso desviar da pedra, desviar o meu olhar dessa pedra, mudar meu enfoque. É... é preciso coragem pra saber lidar com PAI tão poderoso, sofredor e melancólico. É esse o pai fornecido pela religião. Vivemos esse luto e melancolia eternos. Um pai que sangra até a morte por amor a nós, oi(?). Sinceramente, minha amiga... pretendo construir algo mais saudável, livre e independente pra mim. Prefiro sim um pai 'poeta', na acepção mais sublime dessa palavra. "Eu canto, porque o instante existe. E minha vida está completa. Não sou alegre, nem sou triste. Sou poeta." Cecília Meireles
O olhar do poeta é anterior a qualquer leitura da vida, mesmo a da religião. Que se tiver q ser lida*, compreendida, que seja pelo olhar iluminado da poesia. Trará muito mais luz e descontração. Contração é algo muito tenso, doloroso. Faz sentido no momento do parto, mas depois a vida segue mais leve, pulsando dentro. O coração contraindo e dilatando, sim, mas num rítmo harmonioso, dando compasso à vida.
"É sempre bom lembrar, que um copo vazio, está cheio de ar." Gil
É deste vazio que nascemos, que nasce nossa mais pura poesia. Com esta pedra, escreva. Dê outro lugar para ela, ela dará outro lugar para vc!

"(...)O que seria das rodas da carruagem, sem o vazio que trazem no meio? É ali que algo se liga, ali a carruagem se prende e avança.(...)Recordando uma frase célebre de Freud(Ciência e psicanálise): "Os poetas estavam lá antes de nós."(Jornal o Globo/Prosa e Verso/José Castelo/Sáb:27/02/10 -Sugiro que leia todo o artigo!!!).

Freud ganhou prêmio literário. O poeta estava nele, antes mesmo da psicanálise.

*lida= ler, lidar, vida.

Abraço cúmplice.

lila*lilia*

Ps*...role o meu blog mais pra baixo, se for possível, vá até o início. Venha de baixo pra cima! rs
Não precisa comentar.
rs...
Beijão!

Lilian disse...

Ps* 2
Ter consciência de nosso nascimento. Respiramos sozinhas. Ter um conceito/modelo de mãe santa (ou pai ou...), total, imutável, deusa perfeita, sem possibilidade de releitura e amadurecimento enquanto mulher, talvez nos empurre para busca de um novo ventre! Um novo messias, salvador. Algo que nos anestesie. Onde respiram por nós, sentem por nós, pensam por nós. Não nasci pra manter ou deslocar (dar emprego) alguém para esse lugar, um padre, por exemplo, ou um pai, ou a religião, ou qualquer outra forma de opressão disfarçada de cultura, onde eu fique umbilicalMENTE ligada, me alimentando direto (como uma ameba), sem respirar. rs.... Visivelmente, isto nos impede de amadurecer de ser.

"Mundo, mundo, vasto mundo,
Se eu me chamasse Raimundo seria uma rima
e não seria uma solução" CARLOS drummond
Me chamo LILIAN c. lima, rimei com meu pai e com minha mãe.
(Á)gora, hoje, rimo com a liberdade de ser e me haver comigo!
Gosto muito de ter esse trabalho. Não delegaria essa missão a ninguém!
Afinal, observe: "TINHA" uma pedra no meio do caminho... rs...
TINHA é passado... rs...
Nunca me esquecerei que TINHA!
A poesia TIRA!
Cuide da qualidade/missão de sua poesia!
bjo.
lila*lilian*

Lilian disse...

rs...
Ps*3

Podem ser apenas pedrinhas agora, que tal essa visão?
Pedrinhas coloridas ou pedrinhas de brilhante para o 'meu amor' passar... rs...
O meu amor próprio, ou o meu amor, como minha expressão subjetiva. O meu jeito de amar e ler e escrever a vida.

"Chutando pedrinhas" Blog da Bruna
tb é uma linda metáfora!

bjo.

Lilian disse...

Oi...
rs...

Relendo a metáfora Cristã, mas longe dos interesses mesquinhos e menores dos opressores:
"Vá, Maria, e tenha um filho livre. Que venha trazer esperança de renovação. Que possa ser a luz de um povo, de uma NOVA CIVILIZAÇÃO. Vai Maria, e tenha seu filho distante de tudo isso. Longe de todo mal histórico que funda os povos. Que faz de uns escravos e de outros senhores. Não lhes dê o nome de nenhum nome* (*como metáfora) já existente. Tenha-o livre, num remanso, num lugar simples, numa manjedoura. Onde o que reinará será a vossa humilde humanidade, livre dos títulos de falsa nobreza, que carregam o sangue dos inocentes, para fazer valer seus senhores colonizadores. Manjedoura_ "mangiare" - local onde se alimentam os animais. Que seu filho alimente aos homens, que há tempos são tratados como animais. "O manjar"_ manja? Sabe? Sabe de si? Sabe de nós... De nós como gente? Que lhes forneça alimento* (lugar para vossa humanidade falar) *humano, para que, enfim, sejam recebidos/ouvidos/havidos em sua humanidade. Que assim recebidos, igualmente se recebam a si,e se tornem, se dêem, tarnsbordem-se em luz, hu(maná) luz. Que essa luz seja o olhar de cada um de vós, para com cada um de vós. Vc, Maria, não irá conhecer muito bem a este filho, tão pouco o pai se reconhecerá nele, já que ambos, Vc_Maria, e José, são tb frutos da escravidão e da opressão reinante, mas ele igualmente os amará. Ao pai simplesmente como homem, e a mãe, simplesmente como mulher. Sem que esse fato o faça se interessar pelas mulheres como fêmeas, serão mulheres apenas.Tanto faz se mães, filhas ou Madalenas. Que ele não visa a este interesse, quer vê-las tb como seres humanos. Afaste-se com o menino... Ele os salvará, pois q trará a boa nova. Salvará de um futuro escuro* (o materno e paterno-mulher e homem atualizados no amor de um filho-para q não morramos enquanto humanidade-familia), *pois que a partir do amor dele, vcs serão justificados como mulher e homem, simplesmente. E assim se verão, se reconhecerão e se amarão. Sem a herança do modelo opressor. Ele (e eu) os amará (os amarei) com toda essa humanidade (com todo o meu entendimento) e assim honrará (honrarei) os vossos nomes. Não permita que um rei_tirano, que está prestes a passar, possa influenciá-lo com o modelo do opressor ou seu correspondente, o escravo escravo. Crie-o longe dessas instituições que mantém seus filhos sem direito, sem cidadania, sem dignidade, sem identidade, sem humanidade. Salve seu fruto, Maria. Santo quer dizer separado, livre. Assim, quem sabe, muitas de nossas dores e doenças serão sanadas, já q a opressão é a grande responsável pela maioria de nossa falta de saúde, de nossas dores, paranóias e psicopatias. De certo q ele morrerá livre, dentre todo os outros q são escravos/ senhores/escravos/senhores. E morrer livre terá significado o caminho, pois q ele foi livre de interesses mesquinhos e livre de ser a causa do sofrimento de seus amores fraternos. Pois q descobriu a chave do amor, q guarda o desejo sincero de que todo ser possa ter dignidade. Para tal encontrou/semeou dentro de nós a semente do amor, da coragem e da vitória. Mas essa vitória não será a despeito do sofrimento de ninguém ou fruto de crime. Pois q ele deu a cada um a chave de vencer-se a si e ao passado. Que sejamos abençoadas por esse amor. Que compreendamos, enfim, o caminho para o paraíso que mora no verdadeiro amor fraterno.

bjo.

lila*lilian*

Biba disse...

Lila, são tantos os comentários e todos eles muito interessantes. Gostei das pedrinhas coloridas e das metáforas do cristianismo. Escreva sempre que quiser.

Beijo grande
Carpe Diem!!!