Me veio. Foi assim, cautelosamente. Não era ideia de se ter no repente. Depois, ficou tudo nublado no meu cérebro e foi aí que caí. De posse de uma ideia, caí. Fiquei atormentada porque me veio e se foi na brusquidão da queda. Alguém me socorreu e agradeci depois de acordar. Um susto apenas, disse-me o desconhecido. Levantei com vagar: a ideia tinha sumido! A tontura repentina a fizera fugir, como quando sonhamos e perdemos o conteúdo do sonho num acordar abrupto. Fiquei eu parada na esquina, vexada porque as pessoas olham para a gente quando a gente cai como se fosse uma coisa do outro mundo. Sabia que me olhavam. Fiquei parada na birra de querer achar ali mesmo a ideia tão valiosa. Sumiu, caiu, perdeu-se... Recolhi a dignidade e fui andando sem pressa. Tem vezes que tombo assim, do nada. Talvez eu devesse procurar um médico. Talvez eu devesse apenas saber quando vou cair. Não há anúncio. É uma tontura e já estou no chão. Meu cachorro fica me lambendo nessas horas, ele que está sempre comigo porque é difícil para mim atravessar ruas, principalmente. A cegueira veio cedo e não me queixo. O que desgosto é esquecer ideias. E, isso tem sido frequente. Mas não esqueço das lembranças, dos cheiros, dos sabores. Vou tateando com meu cachorro pelas ruas do centro até encontrar o espaço ideal para sentar e tomar sol. Quando voltamos para casa, algumas quadras daqui, sinto-me renovada. Por certo terei nova ideia... O que faço com elas? Coleciono. É preciso se ter uma distração nessa vida.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Esse texto é ficção?
Ou é você mesma?
Eu senti o texto invadir minha alma.
Ferveu por dentro.
Entende?
A vida nos prega surpresas, sempre.
Mas nada como nossa casa.
No canto.
Beijos menina.
Oi Franzé, o texto é ficção mesmo, mas que bom que alcançou você dessa forma.
Beijos
Carpe Diem!!
Postar um comentário