Era para ser de pura lã, como as ovelhas. Sentiu que seus primeiros passos eram tortos e desajeitados. Pensava nas lãs e no resto. Bebeu o que mais não pode. Por isso o andar impreciso e a obsessão nas ovelhas. É que poderia jurar que as vira ali no pasto. Miragem. Não havia mais nada naquele lugar atravancado de lembranças. Parou por um instante e sentiu a primeira vertigem. Descansou. Olhou com os olhos encavados pela bebida e o excesso. Minguou nos próximos passos até cair desfalecido. Ninguém ao redor. Ficou ali, sabe-se lá o quê. Simplesmente tombado. Quando acordar vai ver o campo deserto e o cavalo encilhado. Nenhuma ovelha. Nenhuma tapera mais. Quando levantar vai sentir de novo o peso do corpo macilento. Vai querer água abundante e se jogará no córrego. Talvez morra afogado, talvez finalmente desperte.
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8 comentários:
Querer tanto algo e se jogar dentro até sumir. Foi isso que vi, Biba. E o estado "sabe-se lá o quê" é um dos mais conhecidos dos personagens que crio.
Beijos.
E Carpe Diem. =)
"olhou com os olhos encavados". forte, muito forte isso, expressivo!
tenha uma feliz quarta
bjim
Acredito: chegou ao fundo do poço. Despertar? Só o amor fará... Assim penso.
Beijos menina.
Tenho lido teu blog com frequência. E uma vez escrevi , há muito tempo , algo parecido. O cara acordava e era um deserto. No caso, nem riacho tinha para se afogar. Bj. Zé.
Querida Letícia, é bem isso, querer algo tanto e se jogar dentro até sumir...
Beijo
Carpe Diem!!
Ira, tive uma semana com sinusite e mal-estar, mas já estou me recuperando.
Bjim
Carpe Diem!!
Franzé, o amor pode muito, é verdade.
Beijo
Carpe Diem!!
Zé, tenho lido seus comments e gosto muito de ter você por aqui.
Beijo
Carpe Diem!!
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