Era assim: às vezes o mundo não tinha cor. Havia guerra, sonhos destruídos, luta incessante. Queria apenas descansar um pouco. Ouvir uma voz suave a lhe dizer coisas bonitas. Como se ainda fosse criança e seus desejos, prioridade. Desistiu. Tratava-se apenas de mais um domingo. Era final de janeiro, um amigo aniversariava, uma plantinha brotara no vaso da sala, uma certa luz ensaiava moldar esse dia. Todas as coisas pareciam estupidamente certas, em seus lugares, como foram deixadas no sábado febril. Sim, porque havia o calor.
Era assim: ninguém viria visitá-la em sua casa-corredor, tão sozinha se sentia. Havia um marido que fora jogar. E ela se entregava à televisão, deitada no surrado sofá da sala. Do terreno ao lado vinham ruídos ocasionais. Por que se importar com eles? Tudo era letargia, sono, desilusão. Porém não tinha vontade de chorar. Parecia ser esse o seu destino. Além do mais, sempre havia a possibilidade de o telefone tocar nem que fosse por engano. Mas não esperava nem isso. Tudo era assim: vago demais.
4 comentários:
fiquei curioso.
É de dar sono...
Oi Beto, a idéia é essa: ficar curioso.
beijos.
Carpe Diem!!
"Tudo era letargia, sono, desilusão."
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