sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A espera


Pingentes adormecidos sobre a mesa de estar. Na sala, tudo obsessivamente arrumado. Coisas com coisas que se combinam. Controles remotos em ordem de ascendência: o menor para o maior. Lindos buquês de rosas fakes. Toalha de linho. Cortinas de voil. Tudo em ordem e aromas de vanilla no ar. Ela espera qualquer coisa desse dia branco, começa a desenhá-lo assim, arrumando as coisas com sua lógica cartesiana. Depois, vai almoçar. Salmão ao forno com ervas e batatas. Um arroz para acompanhar. E, depois, haverá o depois que ela ainda não modulou com seus passos vagarosos de quem espera qualquer coisa acontecer de um momento para outro sem muita ansiedade. De fato, as sextas-feiras são feitas para se desapegar delas, pois o sábado sempre promete mais.

8 comentários:

Eduardo Matzembacher Frizzo disse...

A mesa não é a razão. Os talheres, os copos e os pratos não representam nada além do alicerçe da força vital. Corrigir a des-ordem das coisas é ir contra a expectativa do vir-a-ser. E como todo corpo é prenhe de futuros, as oportunidades se encontram em cada ruído, em cada tilintar de taças que brindam a chegada do instante seguinte. É disso que se destila a vida. É disso que se destila a certeza da morte. Mas enquanto o ponto final é apenas uma vírgula, existe muito para ser feito. Por isso, ainda que a sexta-feira traga consigo a preguiça dos gatos de telhado, sempre haverá um cão espreitando os metros que o separam da raiva e do alimento. Isso basta. A estranheza é tudo. O deslumbramento é a certeza do amanhã. E por essas razões, esse pequeno naco de existêncica emoldurado pelas suas frases, dizem de um concretismo que é mais instalação que tela, que é mais supernova que vermelhidão de sangue: pulsa nas veias e por isso mesmo vive dentro da minha íris que trava contato com teu olhar de escritora, de poeta, de mulher, de ser humano. E sim, Biba, voltei. Beijo. P.S.: dê uma olhada no último texto do INSUFILME.

João A. Quadrado disse...

[o dia também tem a sua arte da fuga]

um imenso abraço

Leonardo B.

Franzé Oliveira disse...

Adora a sexta por que sei que amanhã é sábado.

Bjos menina do sul.

Analista de sua própria vida disse...

No fim das contas parece que é o que queremos: fugir para algum lugar.
Abraços.

Biba disse...

Olá, Eduardo, que surpresa! Bom saber que está de volta. Seus comentários, como sempre, me fazem refletir sobre a vida e sua finitude. Obrigada por vir aqui e se despojar assim.

Beijo
Carpe Diem!!

Biba disse...

Leonardo B. , um grande grande abraço pra você!

Carpe Diem!!

Biba disse...

Franzé, beijos.

Carpe Diem!!!

Biba disse...

Thomaz, sempre queremos fugir para algum lugar, com certeza...

Abraço,
Carpe Diem!!