Lembro coisas tão antigas que nem sei se as vivi realmente. É um redemoinho de imagens. Uma torção de sentimentos. Ouço Sade para esquecer, mas a memória apenas finge esquecimento. Tenho gosto de morango e chocolate na boca entreaberta. Tudo passa como um filme minimetragem. Enjoo das figuras que vejo e me vejo também. Sou mais magra e mais atenta, hoje estou distraída pelo gole de vinho tinto. Amanhã imagino mais uma porção de coisas. Amanhã acordo como todo dia e relaxo ao som de Sade. Tenho esse gesto contido porque meu coração fervilha e o medo do outro me aguça a pele. Sempre é bom ter cuidado com o outro, evitar confrontos. Evitar olhar direto nos olhos ameaçadores. O gosto do vinho, dos morangos e do chocolate se misturam como as imagens na minha mente. Penso em desaparecer. Viver ao revés. Contar os dias para trás e aí me livrar dessa colisão do tempo. Vou para o futuro mas a imago que fica é passado mordaz. Disco teu número várias vezes mas não, não termino de apertar as teclas. Medo e vontade. Só que você é esse outro que me vem em sonhos e imagens corrediças. Me alinho, realinho e tomo outro gole de vinho. Sempre tinto. Sempre seco.
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4 comentários:
Sade e um bom vinho, nada melhor para realinhar as ideias...
Estou pensando em quebrar uma asa do tempo, pra ver se ele para de voar e eu começo a viver.
Belo texto.
Abraço!
Eu sempre gostei de olhar bem nos olhos. Nada ameaçador - mais ternura e aquela vontade de ver além de
Joana, gostei da ideia de quebrar uma asa do tempo.
Beijo,
Carpe Diem!!
Vontade de ver além de. É do que precisamos todos.
Abraço,
Carpe Diem!!
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