Lembrava das formigas no pote de açúcar, o que parecia vindo de um sonho qualquer. Mas esta noite, não. Soube das grades de giz riscadas nas paredes sem janelas. E ela dando aula para ninguém. Por vezes se excedia e gritava. Olhava ao redor as grades e girava como nos filmes giram os personagens em desassossego. A manhã sombria trouxe o sabor de um sonho engasgado. E as formigas no açucareiro da avó? Ou era na casa daquela amiga... como era mesmo o nome dela? Deu-se conta que as lembranças eram da infância, mas o sonho, esse fora da noite passada. Grades de giz. Podia apagá-las então, abrir a porta (havia uma?) e sair da sala minúscula, cubículo. Ah, tanta coisa tinha que aprender ainda. Lidar com os sonhos era uma delas. Por isso, gostava quando observava seu próprio sonho e mudava os rumos do enredo quebradiço. Sonho tem disso, tudo é quebradiço ou arredio. Uma vez contou para a analista que observava seus sonhos enquanto sonhava. A mulher fechou o senho e disse que isso era impossível. Ninguém se vê no próprio sonho. Nunca mais contou nada para ela. Apenas ficava lá falando nada. E a analista fazia suas impecáveis anotações feliz por resolver o caso dos sonhos. Há coisas que não se contam, aprendeu. Há sonhos demais e podia ser ativa neles ou apenas uma observadora de si mesma. Assim, tomou o café fervente enquanto uma pequena formiga escalava o açucareiro dela...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
6 comentários:
=]
(muito bonito)
E pensamentos surgem ao observar coisas simples... É o que faço. Eu observo coisas e penso em outras coisas. Por vezes, me perco e demoro a voltar.
Como sempre, suas histórias falam de mim, Biba. Eu observo formigas. =)
E consigo mudar meus sonhos. Deve ser normal.
Beijos.
Obrigada, Adr.
beijo
carpe Diem!
Letícia, as coisas simples suscitam mesmo nosso pensamento e, por ignorância, muitas vezes nos desviamos delas. Observa formigas!!!
Beijos
Carpe Diem!!
Bom :)
Gosto muito dos teus contos.
Beijos prof!
Daia, beijos!
Carpe Diem!!!
Postar um comentário