Arrede-se um pouco. Me de espaço. Me de alegria. Saia desse ninho e me ponha em polvorosa. Pague em dia o que tiver para pagar. Arrume tudo que tiver para arrumar. Sim, mesmo metafisicamente falando.
Você toma um gole fundo de conhaque e gira o copo para movimentar o líquido. Você fingiu que me ouvia e eu fui seguindo, sem acreditar. Porque tem aquela história de um dia a casa cai. Talvez você estivesse disposto a isso. A deixar tudo estornado.
Como foi que me apeguei a você como quem gruda em uma coisa pegajosa? Claro que tive nojo. De mim. Do meu desalento. Dessa overdose de silêncios e pausas mal resolvidos. Foi aí que pensei nele. Nunca antes havia me interessado, ainda que me desse todas as pistas de um jogo sedutor. Sorri para dentro. Mas você, cavalo selvagem, viu.
Por que esse sorriso. Ou tira esse sorriso da cara, você disse, sem uma palavra seguer. Mordi o lábio inferior, era um cacoete. Pensei nele por pensar mas foi bom. Você me desorientava em tudo. Por isso, levantei da poltrona calmamente para não tontear. Peguei minha bolsa e saí sem pressa ou pesar.
Sei que dessa vez será a última. Essas coisas a gente sempre sabe.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
16 comentários:
Mais semelhanças nesse texto, fariam-me duvidar da minha individualidade. Mas também acredito que a vida assim como as formas de arte tem seu encantamento porque é uma experiência compartilhada e não somente individual. Obrigada, Biba.
uma despedida de alguém cuja condição de moradia é dentro da gente; por isso, mais que uma despedida essa é uma tentativa de remoção. deixar ir o que nos habita...bjs
alguem diria, olhando para o centro da mesa, 'me passa o sal'. E os dentes trincados de alguem , ficariam.
postagem acima removida: html(s)
Olá menina. Li seu texto, viu?
Bjos com carinho.
"Essas coisas a gente sempre sabe"...
Adorei o texto prof!
Tem coisas que a gente sempre sabe mesmo, mesmo que não se queira acreditar nelas às vezes ou não se faça o que se deve fazer.
Mas a gente sabe...
Beijooo!
Boa semana!
são tantas despedidas. Temo sempre todas elas, querendo ou não sempre arrancam um pedaço da gente, é como se o outro que se foi fosse parte do nosso corpo físico e aos pocos nos tornamos sem vida. Deve haver um limite tolerável, não?
Beijos!
Tõ adorando esse maio, viu, obrigado.
Camila, obrigada a você por ter a delicadeza de ver em um texto todo o encantamento da arte.
Beijo,
Carpe Diem!!
Deixar ir o que nos habita é sempre o mais difícil, eu sinto assim.
beijos, Glorinha
Carpe Diem!
A fúria também é um estado ao qual devemos nos reportar. Queria conseguir. Gostei da metáfora.
Beijo,
Carpe Diem!!
Oi Franzé, quanto tempo enh?
Beijinhos,
Carpe Diem!!
Daia, é isso mesmo e temos que acreditar mais nesses insights.
Beijos,
Carpe Diem!!!
Danúbio, creio que nos damos um limite tolerável depois de algumas partidas dolorosas.Não sei bem explicar como... como se faz...
Beijo, querido
Carpe Diem!!
Algum tempo sem postar no teu blog, embora leia sempre. Estou sempre aqui.
Um beijo.
Delano
Delano, quero você sempre aqui, mesmo em silêncio.
Beijos, muitos
Carpe Diem!!!
Postar um comentário