Tenho vontade de Clarice e Caio F.. Volto com fome de leitura e densidade. Com vontade de trocar ideias e de abraçar. Sintam-se abraçados, portanto. Volto cheia de energia e com o brilho do olho reluzindo feito um diamante raro. Ando cada vez mais para a frente, cada vez mais rápido, mas sem estresse agora. Tudo é espelhamento. Vivência. Alegria. Viajar é sempre um bálsamo, mesmo que a gente esteja em um ônibus e na chuva. Vá, vá, sempre se pode aproveitar para um boa conversa, um soninho repentino, uma boa comilança (passas, chocolate, rapadurinha, barra de cereal). Sinto que tudo pode entrar em sintonia quando se está aberto a isso. Foi o que aconteceu nesse Congresso em Blumenau, O Intercom Sul. Tudo valeu a pena, como dizia Pessoa, porque a alma não é pequena. Desta vez sem fotos!
domingo, 31 de maio de 2009
terça-feira, 26 de maio de 2009
domingo, 24 de maio de 2009
Quando vai chegando perto, a gente sempre sente qualquer coisinha diferente. Muitos dizem que não. É um dia como qualquer outro e enfim, não muda nada. Para mim, quando 26 de maio está por chegar, tenho vontade de alegria. Lembro dos bolos e tortas e doces de minha avó. De amigos que hoje estão distantes, virtualmente, inclusive. O aniversário é só um rito de passagem, eu sei. Mas para mim é também o dia da recordação dos outros aniversários, de quando eu era inocente e imatura e franzina ("mignon", dizia uma professora) e sem dinheiro ou arretada e madura e menos franzina, não importa. Ah, igualmente sem dinheiro. (Risos). O gosto de lembrar é passageiro, como o almoço que farei para mim mesma. Mas a memória guarda até o improvável. Por isso, tenho saudade deles e daquilo que significou ser aniversariante em tempos idos.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Olho a tela vazia. Todos passam por isso. Olho a tela vazia e me resguardo de qualquer gesto a não ser o de tocar as teclas delicadamente. Até isso tem que ser feito com suavidade. A tela me diz que hoje estou melhor que ontem e que amanhã estarei melhor que hoje que foi um dia de intensidades. Eu o vi me esperando e discretamente me esgueirei. A lentidão do dia fez com que eu o esquecesse. Tem vezes que é melhor esquecer o não-dito. Tem vezes que é melhor arredar-se um pouco e aceitar que não vai acontecer nada. Não está previsto, entende? E, sim, as coisas podem ser imprevisíveis, eu sei. Mas não aquilo que se escolhe. Fiz minhas escolhas e ele não cabe dentro delas. Fossem outros tempos, quem sabe. No tempo atual eu me rememoro e me concedo luz e me divirto com o riso alheio. Só me reservo o direito da espera e da escolha madura. Eu mesma estou me cozendo, arranjo linhas coloridas para um pano de aventuras triviais. Gosto de pensar que assim estou atuante e bela e louca. Sempre louca. A tela me olha cheia de palavras. Agora, o pensamento vertido cede lugar à clareza das horas. Amanhã tem mais...
domingo, 17 de maio de 2009
Surpresa
Não, ela não acreditava em duendes ou outras dessas invenções malucas. Tinha sim o imaginário repleto de nomes de artistas famosos. Nenhum deles interpretou um duende. Ela fazia as compras no supermercado na hora em que havia mais gente que era para poder tropeçar, se segurar em alguém, tocar o outro, esbarrar. Ela era muito solitária. Tinha vergonha de seu próprio êxtase sozinha. Quando chegava ao clímax, mordia o travesseiro sendo que a vontade era de gritar. Porém ela era assim, e quase inacessível com seus olhos arredios de gata de rua. Não sabia se era desejada. Não sabia se vestia as roupas "certas", se chamava a atenção ou se passava desapercebida. Todo dia rezava para aparecer alguém na sua vida. Alguém que virasse tudo do avesso. Ela jurava que então seria travessa e lúdica como ninguém ousaria imaginar. Na cama, ela queria dizer. Pois esse alguém ela desejava em sua ampla e adorável cama de marfim. Naquele dia, quando saiu caminhando à toa e passou por uma construção, ouviu assovios. Ficou ligeiramente tocada, tal era a sua solidão. Contudo, logo lembrou que homens em construções querem fisgar qualquer peixe. Assim, tomada por um certo abatimento, voltou para casa e enfiou-se sob os lençóis cheirosos de amaciante. Chorou baixinho, para não assustar o duende que estava no outro travesseiro olhando para ela com uma cara de compaixão, que nossa!
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Inquieta
O que eu posso fazer que eu não faço porque me corre uma lágrima que não devia estar ali? O que posso de mim senão ansiedade e loucura num gesto sempre breve e pouco? Que será de mim depois de tantos livros e o terror do engessado gritando sua dor? Escrever me mantém viva e pronta para o inevitável. O que eu posso fazer se sair de mim é só o que me leva de volta ao eu-mesma? Que lição é essa que não estou aprendendo, afinal? Existem mesmo lições a serem aprendidas? Ou é tudo ilusão? Não falo de narciso, com o eu-mesma. É só um jeito de estar para dentro, sem olhar o umbigo. Olho o outro, sim. Sei que isso tem feito a diferença. Sei que isso tem me salvo da inércia e do estupor. Sem ele, o outro, viveria no vazio de minha própria insensatez. Vem aqui e me diz qualquer coisa assim. Vem aqui e me pega de jeito com uma palavra suave-tocante-leve ou forte-tocante-feroz. Mas vem. Não ignore minha dor que não é maior nem menor que a sua. Não me leve à toa.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Indo embora
Arrede-se um pouco. Me de espaço. Me de alegria. Saia desse ninho e me ponha em polvorosa. Pague em dia o que tiver para pagar. Arrume tudo que tiver para arrumar. Sim, mesmo metafisicamente falando.
Você toma um gole fundo de conhaque e gira o copo para movimentar o líquido. Você fingiu que me ouvia e eu fui seguindo, sem acreditar. Porque tem aquela história de um dia a casa cai. Talvez você estivesse disposto a isso. A deixar tudo estornado.
Como foi que me apeguei a você como quem gruda em uma coisa pegajosa? Claro que tive nojo. De mim. Do meu desalento. Dessa overdose de silêncios e pausas mal resolvidos. Foi aí que pensei nele. Nunca antes havia me interessado, ainda que me desse todas as pistas de um jogo sedutor. Sorri para dentro. Mas você, cavalo selvagem, viu.
Por que esse sorriso. Ou tira esse sorriso da cara, você disse, sem uma palavra seguer. Mordi o lábio inferior, era um cacoete. Pensei nele por pensar mas foi bom. Você me desorientava em tudo. Por isso, levantei da poltrona calmamente para não tontear. Peguei minha bolsa e saí sem pressa ou pesar.
Sei que dessa vez será a última. Essas coisas a gente sempre sabe.
Você toma um gole fundo de conhaque e gira o copo para movimentar o líquido. Você fingiu que me ouvia e eu fui seguindo, sem acreditar. Porque tem aquela história de um dia a casa cai. Talvez você estivesse disposto a isso. A deixar tudo estornado.
Como foi que me apeguei a você como quem gruda em uma coisa pegajosa? Claro que tive nojo. De mim. Do meu desalento. Dessa overdose de silêncios e pausas mal resolvidos. Foi aí que pensei nele. Nunca antes havia me interessado, ainda que me desse todas as pistas de um jogo sedutor. Sorri para dentro. Mas você, cavalo selvagem, viu.
Por que esse sorriso. Ou tira esse sorriso da cara, você disse, sem uma palavra seguer. Mordi o lábio inferior, era um cacoete. Pensei nele por pensar mas foi bom. Você me desorientava em tudo. Por isso, levantei da poltrona calmamente para não tontear. Peguei minha bolsa e saí sem pressa ou pesar.
Sei que dessa vez será a última. Essas coisas a gente sempre sabe.
terça-feira, 5 de maio de 2009
A difícil leitura
Eles não queriam ler. Relutavam. Lutavam contra um texto acadêmico como quem empurra uma porta emperrada. Eu os vi assim e pensei na secundidade peirciana. Eu os vi assim e fiquei preocupada. Porque ler tem que ser prazeroso, mesmo que seja Edgar Morin. Mas eles lutavam. Eu podia vê-los se afogando em letras, tropeçando em palavras, gritando por socorro. Quietos, eu disse. Quietos. Como se fosse a quietude tudo de que precisavam para entrar no jogo do autor. Eles, enfim se calaram. Deram-se por vencidos e começaram a ler, com a dificuldade de quem dá os primeiros passos, com uma pontinha de curiosidade nascendo, enfim, sobre aquele texto cheio de termos novos, interessantes, mas que não lhes traziam muitas associações, desconfiei. Cai na prova? Cai. Tudo cai na prova. Disseram que estou ficando "malvada"...
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Maio
Maio sempre vem assim com um gosto de outubro. Muitos maios virão, muitas manhãs. Assim como em outubro. É bom pensar que se tem um mês só da gente. Aquele em que se aniversaria. Aquele em que os dias parecem mais azuis mesmo quando estão acinzentados. A beleza de maio é indiscutível. Quer saber? Maio vem de soslaio. Até rimou. É um mês de 31 dias e o primeiro foi vivido intensamente em Nova Petrópolis, uma bela cidade de origem alemã aqui na Serra. Sol forte e um certo friozinho. Longas caminhadas. Malharias, claro. Sorvete de chocolate com calda de caramelo. Gentes passando. Maio chegando com vontade de ser muito mais que qualquer outro em minha vida.
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