Usava um chapeuzinho e todos os agasalhos a que tinha direito. Disseram que iria nevar. Dizem tantas coisas que ela mal pode acreditar naquilo. Anos passados houve a mesma informação imprecisa. Bastava morar na Serra Gaúcha para que logo surgissem esses boatos. Ela, enfim, enfrentou a manhã gelada quando a vontade era de ficar em casa, no quentinho. Mas, Bárbara tinha um compromisso importante. Na verdade um encontro em um pub novo na cidade. Pubs abrem pelo final da manhã e servem bons lanches. Esperaria por ele naquele local, como haviam combinado dias antes, por telefone. O frio quase a fez desistir, mas pensou que ele ficaria muito magoado ou coisa assim. Encontros desfeitos sempre deixam alguma marca, por pequena que seja. E, Bárbara não admitia fazer isso com alguém. Tinha dedos para tudo, como se diz, era "cheia de dedos". Ela ajeitou o chapeuzinho e os brincos de borboleta e sentou em um sofá confortável. Logo ele apareceria com aquele sorriso maroto. Ela se continha. Era avessa à demonstrações exageradas de afeto, quando, de fato, estava visivelmente apaixonada. Para Bárbara, ele não percebia nada. Era discreta ao cubo. Ele, no entanto, revelava seus sentimentos aos poucos. Uma mensagem no celular. Um telefonema insuspeitado. Um convite para o almoço no pub. Bárbara sentou e esperou. Tomou um café trufado. Olhou uns folhetos do bar. Cruzou e descruzou as pernas várias vezes. Observou as pessoas que chegavam. A cada vez seu olhar se iluminava, agora era ele. Porém, nada. O danado não apareceu. Ela, então, conformada, pediu outro café trufado e decidiu que nunca, nunca mais respondia um e-mail dele. Falar até falava, o trivial. Mas, a ausência dele era agora uma ausência para sempre.
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4 comentários:
que bom que voltou, Biba!
e voltou reconfortando os vazios daqueles que sentem a ausência de sempre no agora. os vazios tão cheios teem me feito viva de esperanças nem tão triviais, mas truncadas nas dobras do coração.
(sou a Camila e aqui está meu blog que eu, envergonhada, não revelei antes)
Olá, Camila, acabei de visitá-la. Seu blog é lindo e vou colocar entre os meus favoritos.
Grande beijo,
Carpe Diem!!
Me fez lembrar um amiga minha. A Lorena. Ela faria exatamente isso. Iria ao encontro porque se sente responsável por seus afetos, esperaria e depois decidiria não dar mais chances. Tem gente que é forte assim. No meu caso, não sei se saíria no frio. Acho que não. Ou então, passaria a noite no pub e depois outra noite e outra noite. Histórias humanas, Biba. Como nossas vidas são.
Beijos.
Letícia querida, admiro essas pessoas fortes assim, decididas. Minha personagem poderia se chamar Lorena, é um nome muito lindo.
Beijo e afeto
Carpe Diem!!
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