Cinéfilos, em outubro teremos a Semana Temática Ingmar Bergman lá no Ordovás. Fiquem ligados!
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
Sobre Ingmar Bergman
Cinéfilos, em outubro teremos a Semana Temática Ingmar Bergman lá no Ordovás. Fiquem ligados!
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Cinema: um olhar diferenciado
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Sarau Astral com Nivaldo Pereira
domingo, 26 de agosto de 2007
Taxi Driver vê sociopatia da urbe
Programa imperdível para segunda ; às 19h30, no Ordovás. Sessão comentada.
Semana Scorsese no Ordovás
sábado, 25 de agosto de 2007
Água de Melissa
Não sei. Eu não queria sair daqui, não depois de 12 anos, mas agora nós vamos para outra cidade e isso é apavorante. Eu já devia estar lá, com a mudança, mas eu evitei. Deixa que os outros arrumem tudo como quiserem, eu preciso ficar mais um pouco, olhar a casa, pintá-la como um último gesto de carinho. O pincel sobe e desce, a tinta às vezes escorre porque não sou profissional e me descuido um pouco enquanto penso. Ontem eu senti algo estranho no meio dessa solidão de casa vazia. Uma coisa que me estremeceu e eu tive um medo absurdo de ficar presa aqui. Imagine, as janelas todas abertas e eu...
Eu sei, eu sei. Estou sentindo outra vez. Ontem não foi o primeiro indício de que está voltando. No dia da mudança aconteceu de eu não conseguir sair do banheiro. Fiquei lá uma hora, encostada à porta, sem conseguir me mexer até que alguém bateu e pediu para entrar. Meus dedos mal conseguiam tocar na fechadura. Foi terrível. Andra me deu água de Melissa quando me viu agachada a um canto, abraçada a mim mesma. Ela não faz idéia do que se passa. E eu vou confessar, tive outro incidente. Devo chamar de quê? Surto?
Foi há alguns meses. Eu saí com a Cida, ela queria comprar um vestido. Depois fomos comer alguma coisa. Então ela me disse para ir para uma mesa e esperar lá porque havia muita gente, uma fila daquelas. Eu fiquei no único lugar disponível e me distraí olhando as pessoas, as faxineiras, a luz que entra pelo teto de vidro, balões pendurados, essas coisas e o tempo passou um pouco, não sei, dez ou quinze minutos, nem isso. Daí eu olhei para aquela gente toda e simplesmente não vi a Cida. Entende? Eu a procurei entre as pessoas, levantei e busquei com o meu olhar mais atento e nada. Daí subiu aquele calor que vem nessas horas e o terror que se segue a ele.
Eu tentei racionalizar que ela estava lá em algum lugar e logo ia aparecer, mas coisas horríveis me vinham à cabeça, tais como: ela foi embora e me deixou aqui ou ela está perdida ou foi raptada (!) ou... Tudo absolutamente ridículo, eu sei. Entrei em um estado de pavor em que não consigo sair do lugar, não movo um dedo, fico inerte dentro do horror. Eu quase não conseguia mais respirar quando ela apareceu com a bandeja, sorrindo. “Que fila, Mirna!”, disse sem suspeitar. Comi o lanche maquinalmente, tentando voltar ao estado “normal” sem que ela percebesse que eu saíra dele.
Eu não quero passar por tudo novamente. Medicações pesadas, sessões de análise, regressão, compreende? Por isso estou escondendo deles enquanto posso. Os sonhos também voltaram. Como flashes do imponderável eles me levam a um lugar recôndido de mim onde há uma espécie de dor sepultada. Nesse semestre houve essa instabilidade interna tão ameaçadora que eu cheguei a imaginar que desta vez não teria saída. Mas, você sabe, a gente pode se enganar quanto a isso. Eu queria que você soubesse porque se algo acontecer, se eu ficar lá nesse recôndido de mim, pelo menos alguém saberá para onde fui.
Digo isso porque tenho notado que eu me afasto cada vez mais das pessoas, Cida e Andra têm reclamado um pouco: “Mirna, você está tão alheia!”. Mas não é que eu fique devaneando, é que algo me impele ao centro. É, é como se esse lugar fosse o núcleo de mim mesma e eu preciso ir para lá porque é seguro. O medo fica fora. O pânico se dissolve quando eu fico dentro do que desconheço. Parece-se com uma mornidão como quando a gente estava dentro da mãe. Tenho pensando muito que esse lugar pode ser a minha perdição ou redenção. Você vai saber explicar isso aos outros se acontecer? Eu quero dizer, se eu me perder dentro desse centro invisível?
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Quarta-feira sépia
terça-feira, 21 de agosto de 2007
A Noiva Síria
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
SerraCult
domingo, 19 de agosto de 2007
São os rios - Jorge Luis Borges
parábola de Heráclito o Obscuro.
Somos a água, não o diamante duro,
a que se perde, não a que repousa.
Somos o rio e somos aquele grego
que se olha no rio. Seu semblante
muda na água do espelho mutante,
no cristal que muda como o fogo.
Somos o vão rio prefixado,
rumo a seu mar. Pela sombra cercado.
Tudo nos disse adeus, tudo nos deixa.
A memória não cunha sua moeda.
E no entanto há algo que se queda
e no entanto há algo que se queixa.
sábado, 18 de agosto de 2007
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
Infinito fundo azul
um lança-chamas
a chaminé que vai dar no oco
da-casa-da-lareira-do-dono-da-casa
Abrindo segmentos
riscando ruidosamente
- sem conseguir seguir -
um pensamento inteiro
uno eletronizado
vontade de fazer-se
ser um infinito fundo azul
um infinito fundo
(um quê?)
Através de nós
intermináveis rumores
insuportáveis trapaças
o eu contra o eu-tu
uma variação difícil
a inapetência, a completude
o não
atravessado
dosado
A criação do intolerável
daquilo quê.
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Faltando um Pedaço - Djavan
Um passo pr`uma armadilha
Um lobo correndo em círculo
Pra alimentar a matilha
Comparo sua chegada
Com a fuga de uma ilha
Tanto engorda quanto mata
Feito desgosto de filha"
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
Artigo sobre Caio F.
Guimarães Rosa
aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da
gente é coragem.
Muitas correntes
Sangrar a dor até purgar
Resignificar tudo
Abster-se
Enlouquecer
De uma loucura mansa
mas inobstante, cruel
É tempo de se dar um tempo
para encontrar uma brecha
um porto seguro,
uma nau que não afunde
um grito do fundo d`alma
É preciso render-se ao inevitável
porque o rio tem muitas correntes
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Maninha
| Chico Buarque/1977 Gravada no disco Tom e Miúcha - 77 | |
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Se lembra da fogueira Se lembra dos balões Se lembra dos luares dos sertões A roupa no varal Feriado nacional E as estrelas salpicadas nas canções Se lembra quando toda modinha Falava de amor Pois nunca mais cantei, ó maninha Depois que ele chegou Se lembra da jaqueira A fruta no capim O sonho que você contou pra mim Os passos no porão Lembra da assombração E das almas com perfume de jasmim Se lembra do jardim, ó maninha Coberto de flor Pois hoje só dá erva daninha No chão que ele pisou Se lembra do futuro Que a gente combinou Eu era tão criança e ainda sou Querendo acreditar Que o dia vai raiar Só porque uma cantiga anunciou Mas não me deixe assim, tão sozinho A me torturar Que um dia ele vai embora, maninha Pra nunca mais voltar |
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
Sobre ignorância e presunção
"Na minha juventude, fui obrigado a gostar de Bergman. Se não gostasse, era marginalizado. Secretamente eu o detestava. Hoje posso dizer: embora o homem seja fascinante, seus filmes são chatísssimos"
Sobre cafés e cigarros
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Talvez
mas não descobre o porquê
o descobre apenas como
sem o menor desvelamento
Talvez
como quem se antecipa
e perde o momento exato
o momento pleno de tudo
e arranca antes o sabor das coisas
Talvez
havendo um centro
uma importância
uma inadvertência
um consolo prévio
Talvez
enquanto algo se define
à beira do insuspeitado
com um sorriso mocho
tolo de ser tão o que já não pode ser
Mas talvez!
No lápis de cor das cores
no desenho rabiscado ao acaso
na latência das rimas
sonhos travestidos de luz, inacessíveis
Talvez,
mas pode ser que não,
talvez.