sábado, 2 de agosto de 2008

Agosto parido

Não tenho medo do escuro,
Mas deixe as luzes acesas agora,
O que foi escondido é o que se escondeu,
E o que foi prometido, ninguem prometeu
(Renato Russo)


Agosto nasce com gosto de sangue de animal recém-parido. Lembranças se esvaem como a placenta. Tímida, reconheço o caminho a seguir. A estrada sempre longe, mas que está somente a alguns passos. Tudo que me rodeia gira devagar, como devagar eu procuro luz e entendimento. Os dias não têm sido fáceis, porque nada é fácil, esta é a verdade. A mãe lambe o sangue e a placenta da cria. Eles não sabem o que é futuro, o que é passado, o que é crescer. São tão abençoados na ignorância de apenas ser. Eu afundo os dedos nos cabelos querendo gritar, sim, meu grito acordaria a vizinhança inteira. Melhor deixar as luzes acesas...

2 comentários:

Anônimo disse...

Sim, as possibilidades estão aí, vivo correndo atrás delas, para ver se a paisagem muda. As noites até que têm sido boas, sim, mas as manhãs são pura tortura.
Ah, por aqui o Humberto também se afasta quando fica assim, mas junto ele do chão e fico sentindo o cheirinho bom que ele tem.
Outro dia - e essa foi uma dessas mudanças que a gente espera, ele começou a lamber minhas lágrimas e aí não teve que como não me recuperar. Incrível, né? Ele me faz entender o valor das pequenas coisas da vida, e isto não é nada pequeno.

Jack

Biba disse...

Jack, você se ausentou depois deste comentário tão lindo, tão seu. Volte a postar, please. Um beijo no Humberto!