Clarissa estremeceu. Nunca tivera olhos de cigana, oblíguos e dissimulados. Mas, talvez para ele... Clarissa sentiu também um calor subir pelo estômago e engasgar ali, na garganta. De onde devia sair um "oi tudo bem", "olá, como vai?" Pensou se estava bem de vermelho, com o cabelo solto à espreita do vento suave. Ele a viu, finalmente. "Me perdoe a pressa", ela quis dizer antes mesmo de se cumprimentarem. Era só uma espécie de medo-susto. Tanto tempo. Ele ainda ia sentir o seu perfume como antes? Ele a olhava como sempre. Ela, então, entendeu: aquela pressa era um ardor, um coração selvagem ali batendo dizendo: "eu quero". Sendo que esse querer é o indizível agora e para sempre. Porque não mais aqueles braços. Não mais aqueles lábios. Clarissa entendia tudo em um segundo quando o sol iluminou o rosto dele e ela percebeu que o seu cabelo havia sido cortado de pouco. A face sedenta recebeu um beijo, dois, mais. Clarissa queria mais, ela é sempre tímida e arrebatada ao mesmo tempo, nunca entendendo bem esses enlaces. Afinal, se despediram. Ela atravessou a rua e não olhou para trás a fim de não saber do medo-susto de, por acaso, vê-lo indo embora, assim, sem mais aquela.
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4 comentários:
Belo e triste, como um encontro em julho. O vermelho sempre cai bem em uma dama.
Um encontro em julho. É um bom título para um conto...Carpe Diem!
o quê seria da literatura sem os encontros, ou dos encontros sem a literatura. o título pode ser também "encontro na júlio".
Sim. "encontro na Júlio". Em julho, nada melhor.
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